Concorrência motiva investimento no esporte
Erich Beting
Os clubes de futebol no Brasil assistiram, nos últimos meses, à entrada de dois novos patrocinadores no mercado. Primeiro foi a 99 Taxis, que começou a aparecer em vários uniformes de clubes. Agora, é a vez da Voxx, marca de suplementos, que começou a fechar uma pequena exposição nas camisas dos times.
No caso das duas marcas, o movimento foi reativo. Os clubes não procuraram estudar o mercado de aplicativos de táxi e, também, nem se preocuparam em entender que a suplementação alimentar tem, hoje, o desafio de deixar de ser uma marca para os “marombados das academias” para se tornar um elemento de nutrição e sinônimo de vida saudável.
A entrada da 99 Taxis foi motivada logo após o aplicativo de chamada de táxi Easy Taxi anunciar acordo com o “Movimento por um Futebol Melhor”, iniciativa que reúne os programas de sócio-torcedor dos clubes. Após a Easy Taxi começar a investir no esporte, a 99 Taxis veio atrás.
A Voxx foi pioneira no futebol. Entrou de sola em acordos com alguns clubes mais “baratos” que os do topo da lista. Aí, a Krom, sua concorrente, fez um movimento de reação e fechou com a Copa do Brasil.
Os dois casos, latentes neste começo de ano, mostram bem uma oportunidade que o esporte tem e que raramente pratica aqui no Brasil. Geralmente – e esse é um fenômeno mundial -, os patrocínios são regidos pela movimentação dos concorrentes. Uma marca decide entrar no esporte após seu concorrente fazer o primeiro movimento.
Se tivessem departamentos comerciais estruturados, as entidades esportivas estariam antecipando esses movimentos. Elas precisariam analisar, praticamente em tempo real, o que as marcas têm feito e o que querem fazer. Assim, conseguiriam ser muito mais eficientes em apresentar soluções para elas.
Patrocínio, hoje em dia, não é mais caridade. Muitas vezes, quando aborda alguma empresa, o esporte apresenta para as marcas os motivos pelos quais aquela propriedade é valiosa. Nunca param para pensar que eles precisam, na verdade, apresentar soluções de negócios para essas empresas.
O movimento de marcas concorrentes no patrocínio esportivo é apenas uma mostra disso. Elas que vão atrás do esporte por saber o que ele pode entregar. O maior problema é que, como o esporte raramente sabe no que ele pode ajudar seu novo cliente, a relação não dura mais do que um ou dois anos.
O grande salto que falta ser dado pelo esporte é aprender a vender. Só assim ele vai começar a perceber que, na hora da crise, a empresa não diminui investimentos, ela apenas otimiza os resultados. E, como poucos, o esporte sabe entregar resultados.