Clima olímpico desembarca no Rio
Erich Beting
A cada ponto de ônibus, uma propaganda de um patrocinador. Nas ruas, voluntários, profissionais de mídia e até mesmo atletas transitam entre as pessoas. Se alguém tinha dúvidas se os Jogos Olímpicos aconteceriam, elas começaram a ser sanadas desde a segunda-feira, dia 1º.
A virada do mês representou também a chegada do clima olímpico ao Rio. Os transtornos do trânsito adaptado à faixa olímpica, o aumento da muvuca no metrô, a confusão de uma cidade ainda em construção quando deveria estar pronta para os Jogos.
Tudo isso começa a ser colocado para escanteio, à força, pela chegada do evento. Não tem mais o que fazer a não ser entrar no espírito olímpico. O evento acontecerá, apesar dos erros do Rio de Janeiro.
E é esse o ponto de virada que tomou conta do Rio desde segunda-feira. Há uma semana, quem vinha à cidade sentia que algo estava para acontecer, mas ainda era uma realidade distante. Agora, com a Olimpíada invadindo cada local de convívio do carioca, o caminho é sem volta.
Mas por que isso acontece?
A maior lição que um megaevento nos deixa é sobre a necessidade que existe de patrocinadores, parceiros de mídia, organizadores do evento e poder público se engajarem para fazer o evento “pegar”. A diferença que existe é gritante, especialmente num mercado ainda em desenvolvimento como a indústria do esporte brasileira.
Acostumamo-nos, por aqui, a apenas nos preocupar com o evento esportivo apenas no que se refere ao âmbito da competição entre atletas. Assim, negligenciamos toda a parte de promoção do evento, que fica quase sempre relegada ao deus-dará da mídia, que atua com o compromisso de ser fiel aos fatos, não ao negócio.
Quando chega um megaevento, em que o próprio país despeja um grande montante de investimento (em dinheiro e energia), a necessidade de fazer o evento pegar é enorme. Por isso, há uma cobrança forte por parte do Comitê Olímpico Internacional em cima de parceiros comerciais, de mídia e cidade-sede para que os Jogos aconteçam.
Se há um legado que os Jogos deixam é o da importância de se fazer um evento cair no gosto das pessoas para ser um sucesso. E que, para conseguir isso, é preciso trabalhar bastante.
Não existe mágica. Assim como a conquista de uma medalha, é preciso de muito esforço para que o evento seja percebido pelo público. Negligenciar a importância de criar um clima antes do evento é o primeiro erro. Demorou, mas o Rio mostra que essa primeira etapa foi vencida.