Só construir não basta
Erich Beting
Com a inauguração da Fonte Nova no próximo final de semana, começamos a entrar de vez na era dos novos estádios no Brasil. Com o estádio baiano, já serão quatro novas arenas inauguradas num prazo de quatro meses. Algo espetacular considerando que vivemos num país que, nos últimos 30 anos, construiu quatro novos estádios.
O que fica claro nesse primeiro momento de nova vida nos gramados brasileiros é que só construir não basta.
Não adianta só termos novos estádios de futebol no Brasil se continuarmos com uma mentalidade antiga de gerenciamento desses espaços. Dos quatro novos lugares para o torcedor acompanhar futebol no país, apenas o Castelão não apresentou problemas. A Arena do Grêmio, o novo Mineirão e a nova Fonte Nova tiveram, cada um a seu jeito, problemas na inauguração.
O problema de agora, na Fonte Nova, foi a venda de ingressos para o Ba-Vi de inauguração, no próximo fim de semana. Procura muito maior do que a oferta, desrespeito às filas e tumulto com a polícia remontaram ao passado aquele que seria um momento de inauguração de uma nova era.
Uma das grandes mudanças que teremos no futebol brasileiro para depois da Copa é o novo nível de experiência do torcedor ao ver uma partida no estádio. Lugares mais confortáveis, com assentos marcados e abrigados da chuva são algumas das melhorias que virão. Isso, porém, vai exigir dos gestores desses estádios um profissionalismo muito maior no relacionamento com o torcedor.
Sistemas eficientes de venda de ingressos, boa qualidade no serviço oferecido dentro dos estádios, segurança impecável, fácil deslocamento para o estádio e dentro dele, opções de entretenimento que vão além do campo de jogo são algumas das melhorias que precisam ser implantadas nos estádios depois da Copa.
Quem não conseguir se adaptar a essa nova realidade fatalmente ficará para trás. Isso pode significar não fazer do espaço um local rentável ou, ainda, não conseguir levar público a esses novos espaços, por mais atraentes que eles possam ser. Só construir um bom estádio não basta. É preciso saber o que fazer com ele e, mais do que isso, como se relacionar com o consumidor.
Só assim teremos uma nova realidade no mercado de futebol no Brasil. Do contrário, serão estádios modernos com os mesmos problemas de sempre.