Negócios do Esporte

Transferência de atletas nas cinco maiores ligas soma R$ 7 bilhões

Erich Beting

A transferência de atletas nas cinco principais ligas de futebol da Europa somou, na última abertura da janela de transferências, 1,938 bilhão de libras, que é o equivalente a R$ 7 bilhões. Esse foi o valor gasto pelos clubes das primeiras divisões de Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália para a contratação de jogadores para a atual temporada.

O levantamento faz parte de um cruzamento de dados de dois sites especializados no mercado de transferência de atletas, o Transfermarkt e o Statto, e foram compilados no site ''Transfer Window'' (para quem quiser brincar de descobrir até sobre a transferência de jogadores na terceira divisão inglesa, clique aqui).

O montante alcançado na abertura do mercado este ano contrasta com a realidade econômica da Europa e mostra quanto o futebol atingiu um status de ''mundo paralelo'' no Velho Continente. Inflado pelo dinheiro de megainvestidores e pela necessidade competitiva dos clubes que não possuem donos, o mercado de transferência de atletas na Europa vive um de seus momentos mais valorizados dos últimos tempos.

Prova disso é que o ''saldo'' das transferências foi deficitário. Enquanto os clubes dessas ligas gastaram R$ 7 bi na compra de atletas, eles faturaram R$ 4,85 bi na venda. Ou seja, no balanço final, o ''prejuízo'' total foi de R$ 2,15 bilhões.

A gastança desenfreada dos clubes tem ''respaldo'' justamente naqueles que são os contra-exemplos de gestão financeira austera, especialmente os clubes que possuem um dono bilionário. As balanças mais deficitárias foram de Monaco (140 milhões de libras de ''prejuízo'') e Manchester City (92 milhões), clubes que ainda estão na fase de injeção de dinheiro do investidor sem o retorno, tanto esportivo quanto financeiro.

Os maiores gastadores foram, pela ordem, Real Madrid, Monaco, City e PSG. Todos tiveram prejuízo superior a 50 milhões de libras (R$ 175 mi), sendo que o Real é o único desses clubes que não possui um dono para injetar dinheiro nele. Não por acaso, o clube espanhol foi o único a ter vendas significativas, de 100 milhões de libras, para compensar parte do investimento em contratações.

Conhecida pela racionalidade nos gastos, a Bundesliga, da Alemanha, continua a ser a liga que menos gastou entre as cinco mais (231 milhões de libras).

A curiosidade do levantamento, porém, fica por conta do saldo das balanças das ligas espanhola e italiana. Gastadores convictos, dessa vez italianos e espanhóis encerraram a janela de transferências gastando menos do que arrecadaram. O ''lucro'' que essas ligas tiveram revela a dificuldade financeira que os dois países encontram. Barcelona e Real Madrid são as duas exceções, mas só conseguem fazer isso por serem os dois clubes que mais faturam no mundo.

Numa leitura mais aprofundada desses dados, podemos perceber que o futebol, na Europa, caminha para uma era de megainvestidores. Pelo movimento que teve início com Roman Abramovich no Chelsea, em 2003, é bem possível acreditar que, em mais dez anos, o futebol no continente será uma festa para abastados. Pelo menos para quem quiser ser relevante mundialmente.