Até no diálogo a Copa teve atraso*
Erich Beting
* Por DUDA LOPES, gerente de novos negócios da Máquina do Esporte
Na última semana, a presidente Dilma convidou alguns jornalistas esportivos para um jantar no Palácio da Alvorada. A iniciativa contou com presença de nomes como Juca Kfouri (Folha de S.Paulo), Tino Marcos (Globo) e Renata Fan (Band). Sem nenhuma dúvida, o evento é louvável, mas, a dias para a Copa do Mundo, ele acontece com um absurdo atraso.
Parece que só agora, aos 48 do segundo tempo, o poder executivo entendeu o peso político, além do econômico, de colocar o país como sede da maior competição de futebol do mundo. Vinte e seis bilhões de reais depois e alguns milhões de pessoas nas ruas, a presidente chamou a mídia especializada para uma conversa.
A falta de diálogo foi uma das principais razões da Copa do Mundo ser um fracasso político. Existiu a clara impressão de que tudo fora feito na base de acordos que deixavam a população fora da conversa. O modo de operar acentuou as duas grandes promessas mentirosas do governo brasileiro: o legado de infraestrutura e a ausência de dinheiro público em estádios.
Dilma deixa, pelo menos, a ideia de que as coisas podem ser diferentes. Por que não ouvir o esporte de vez em quando? Trata-se de uma indústria crescente que movimenta cerca de 1% do PIB e que, claramente, pode causar um enorme prejuízo de imagem. E o diálogo, seja com jornalistas, Bom Senso FC ou clubes, é o pilar fundamental de qualquer Estado democrático.
Coluna publicada originalmente no Boletim Máquina do Esporte