O outro lado do sucesso da rodada dos clássicos
Erich Beting
A ''rodada dos clássicos'' no Campeonato Brasileiro serviu para comprovar o óbvio. Quando há motivo para acompanhar futebol, o público comparece. O saldo da 23ª rodada do Brasileirão é a maior média de torcedores no estádio e os maiores índices de audiência no Rio de Janeiro e em São Paulo na transmissão pela TV (detalhes aqui).
Mas aí entra o segundo ponto de questionamento. Por que fazer todos os clássicos numa mesma rodada? E, mais ainda, por que todos os jogos no mesmo horário?
Cruzeiro x Atlético-MG tinha tanta história para contar quanto Corinthians x São Paulo ou Flamengo x Fluminense. O Ba-Vi com os dois times na degola, também. Mas a CBF, mais uma vez, atuou sem pensar no todo, procurando resolver algo de forma pontual e localizada, atendendo parte dos interesses da TV e não da competição.
O torcedor que gosta de futebol teve de optar por apenas uma das opções de clássico no final de semana. Na televisão, a mesma história. Um bom evento local ao mesmo tempo, sem possibilidade de maiores ganhos na transmissão do pay-per-view, por exemplo. Ajudou a TV aberta, que é quem paga a maior parte da conta. Mas não resolve o problema de interesse do público no campeonato.
Faltam novas ideias para que o futebol consiga atrair cada vez mais público. Ao marcar os principais clássicos regionais para o mesmo final de semana, no mesmo horário, a CBF perde uma ótima oportunidade de gerar mais interesse para o torcedor. O público não abandonou o futebol.
Mas é preciso levar um pouco mais de inovação para a gestão do evento para transformar esse interesse num aumento constante de receita. Foi um sucesso a rodada dos clássicos. Mas, se houvesse interesse na CBF e em quem transmite o Brasileirão de pensar a todo instante em soluções para ter mais gente nos estádios, o sucesso poderia ser muito mais duradouro…