“Eu acredito” reflete a importância da marca no esporte
Erich Beting
O jogo começou já em 2 a 0 para o Corinthians, fruto da vitória alcançada na primeira partida, quando o Atlético-MG pressionou, teve gols incrivelmente perdidos ou tirados e, no fim, sofreu o revés. Na partida de volta, com cinco minutos, num chutão da defesa, Guerrero levou a melhor e fez o gol que ampliava ainda mais a vantagem corintiana. No somatório, estava 3 a 0. Só que, para se classificar, o Atlético precisaria não mais de três gols, mas quatro.
O que se viu a partir dali foi mais uma das épicas partidas atleticanas desde que, durante a campanha do título da Copa Libertadores de 2013, consagrou esse time. A conexão entre torcida e jogadores na base do ''Eu acredito'' foi um dos grandes responsáveis pela façanha na noite de quarta-feira, 15 de outubro, no Mineirão.
Foi a primeira vez que o Atlético eliminou o Corinthians num mata-mata. Foi, mais uma vez, um feito igualável ao pênalti defendido por Victor no último minuto de jogo contra o Tijuana. Ou ao gol de Leonardo Silva no finzinho da partida contra o Olímpia na decisão da Libertadores, pouco depois de o time paraguaio desperdiçar um gol sem goleiro. Ou, também, aos 4 a 3 ''acreditáveis'' sobre o Lanús, no título deste ano da Recopa.
Desde a Libertadores, está encravado no DNA atleticano o slogan ''Eu acredito''. E, se o clube souber se aproveitar disso, vai para sempre levar essa marca com ele, tornando o impossível um verbo inconjugável no dicionário atleticano.
Um dos grandes motivos para uma empresa ter sucesso é ela ter uma identidade de marca facilmente reconhecida pelo consumidor. Quando alcança esse patamar, consegue passar de um objeto de consumo para um objeto de desejo. A Apple talvez seja o melhor caso recente disso.
No esporte, a criação de uma identidade para um clube, um atleta ou um evento é fundamental para que ele obtenha mais sucesso. Curiosamente, esse conceito foi algo que surgiu junto com a popularização do esporte no Brasil e, de uns tempos para cá, foi se perdendo.
A grande imprensa dos anos 40 e 50 tratava, rapidamente, de criar apelidos para os clubes. O Clube da Fé, a Academia, o Tricolor de Aço, o Time do Povo, o Imortal, etc. Eram expressões criadas a partir de situações vividas pelos times dentro de campo que criavam essa união entre jogadores e torcida que davam identidade e legitimidade às equipes. Os clubes, a partir disso, criavam características próprias. Isso fazia com que ele não abandonasse tradições e, dessa forma, ficassem para sempre marcados por esse estilo de ser.
O Atlético, agora, passa por isso. Na partida contra o Corinthians, os jogadores claramente não se abateram após o 1 a 0. Seguiram jogando seu jogo, atacando, pressionando. A torcida, após o empate, passou a bradar o ''Eu acredito'' nas arquibancadas do Mineirão. Quando chegou aos 3 a 1, aos 30 do segundo tempo, estava mais do que claro, para jogadores e torcida, de que a classificação seria questão de tempo.
Queira ou não, está no DNA do Atlético, desde 30 de maio de 2013, quando o Galo substituiu o ''caiu no Horto, está morto'', pelo ''Eu acredito''.
Cabe agora ao clube não deixar essa identidade perder. O mínimo que poderia ser feito era criar a linha do ''Eu acredito''. E levar essa filosofia de dentro para fora de campo. Mas, aí entra o grande problema, para o presidente atleticano, departamento de marketing para pensar essas coisas é ''bobagem''…