O Brasil subiu no salto para os Jogos de 2016?
Erich Beting
O maior risco que havia do sucesso da Copa do Mundo no Brasil era de que o país simplesmente ignorasse o que foi o sufoco pré-evento e se deixasse levar pelo otimismo da nossa capacidade de improviso. Ao que tudo indica, incorremos nesse erro e, a menos de dois anos das Olimpíadas do Rio de Janeiro, deixamos ao acaso dois importantes cargos públicos ligados ao evento.
Sim, a banda toca de forma completamente diferente naquilo que se refere aos Jogos Olímpicos em relação à Copa. Periodicamente o COI faz reuniões sem a necessidade de chutes públicos no traseiro do país. Nelas, cobra prazos e coronogramas, acompanha o andamento das obras e toma um grande cuidado para não desandar a construção do Rio para as Olimpíadas. Dificilmente teremos, a uma semana do início do evento, obras inacabadas como foi com o Mundial de futebol.
Mas, quando olhamos as nomeações de um ministro do esporte que assume não entender do tema, mas sim ''de gente'' e de um secretário de esportes no Rio que tem apenas 23 anos e é filho do ex-governador padrinho político do atual governador, percebemos que o Brasil negligencia exatamente aquilo que mais precisa num projeto de abrigar um grande evento esportivo: a disciplina da execução.
Nada contra George Hilton e Marco Antonio Cabral. Mas, no momento em que a mídia estará de olhos arregalados sobre tudo o que se refere a esporte e gestão esportiva, não podemos ter, nos dois cargos mais visados, pessoas que não estejam aptas a falar do tema.
O relacionamento interno do Rio-2016 com as esferas públicas não muda. Segue com a Casa Civil no âmbito federal e segue com a mesma equipe de sempre no Rio de Janeiro.
Só que era preciso arriscar tanto assim ao colocar um cidadão que não gosta e nem acompanha esporte como ministro e um jovem ainda em formação como secretário estadual?
Com certeza faremos um grande evento em 2016. A festa será bonita, os atletas estarão felizes, as coisas vão acontecer. Mas ao ver as indicações para cargos-chave na reta final da organização dos Jogos Olímpicos, percebemos que as lições da Copa do Mundo foram jogadas para debaixo do tapete. Ou se perderam junto com o time de Felipão nos 7 a 1 do Mineirão.
O Brasil precisa, urgentemente, descer do salto. Ou corre o risco de seguir sem aprender como ser grande aos olhos de todos.