O dinheiro nunca pode estar acima do esporte
Erich Beting
Quando faz o regulamento do Campeonato Paulista, a Federação Paulista de Futebol se preocupa em excesso para que não haja qualquer atitude que coloque a competição numa espécie de ''segundo escalão'' de importância para os clubes. Em meio à disputa de uma competição importante como a Copa Libertadores, as equipes são obrigadas a jogarem com seus principais jogadores para não serem multadas pela entidade.
Da mesma forma, a federação também tenta coibir outras ''manobras'', como a escalação de jogadores de categorias menores, para evitar a inferiorização completa de sua competição. Talvez pela preocupação ao extremo com o bem-estar de sua competição, a FPF tenha esquecido de preservar aquilo que é primordial, que é deixar da forma mais equilibrada possível a disputa entre os clubes participantes do torneio.
Neste fim de semana, o Audax confirmou que abriu mão de jogar em seu estádio a partida contra o Palmeiras. Em vez disso, ''receberá'' o time da capital no Allianz Parque que é, justamente, o estádio do adversário! Sim, é isso mesmo. O time não apenas abre mão de jogar em casa como escolhe jogar no território rival…
Em troca de uma arrecadação quase milionária, a equipe de Osasco vai abrir mão daquilo que é fundamental no esporte, que é a competição.
Ok, pode-se justificar que essa é a melhor maneira de o clube arrecadar um dinheiro nunca visto, que sempre que joga em seus domínios o Audax não leva torcedores, que é uma forma de aumentar a receita, etc. Mas nunca – e vale repetir isso – nunca, o dinheiro pode estar acima do esporte.
O que faz do esporte um grande negócio é justamente o fato de ele ser, na essência, uma competição ''limpa'' entre atletas em busca da melhor performance. Quando abre-se mão desse princípio para ganhar dinheiro, perde-se aquilo que é a essência do negócio.
O mais impressionante nessa história toda nem é o Audax abrir mão da competitividade em troca de dinheiro. É a federação, tão preocupada com a ''grandiosidade'' do Campeonato Paulista, não preservar aquilo que é mais primário num torneio, que é a equidade de competição entre os times…