A piada da prefeitura com o Pacaembu
Erich Beting
A prefeitura de São Paulo teve, em 2010, a chance de privatizar o estádio do Pacaembu. O projeto apresentado pelo Corinthians para a utilização do espaço por uma concessão de 30 anos, porém, caiu por terra. O argumento da Câmara dos Vereadores era de que não se poderia beneficiar apenas um clube para o uso de um espaço público.
Cinco anos depois, a prefeitura, em outra gestão, anuncia as condições para iniciar o processo de conversas para uma possível (e necessária) privatização do Pacaembu. Diz o prefeito Fernando Haddad que haverá um diálogo com os moradores locais, que as características serão preservadas, etc.
O morador do Pacaembu é contra o estádio. Não importa que ele tenha chegado antes de todo mundo à região. O morador se acha no direito de proibir shows e eventos para grandes públicos no Pacaembu. A força da ''Sociedade Amigos do Pacaembu'' é tamanha que expulsou de lá qualquer evento que torne minimamente rentável o espaço.
Até o ano passado, porém, a prefeitura não tinha esse desespero em privatizar o espaço. Até maio, o Pacaembu recebia os jogos do Corinthians e do Palmeiras. Depois, até novembro, continuou recebendo as partidas do alviverde. Com um evento a cada fim de semana, no mínimo, o estádio era garantia de receita para a prefeitura.
Com a Arena Corinthians e o Allianz Parque prontos, o Pacaembu perde sua função de ''casa'' de algum time de futebol na cidade. Sendo assim, se antes era um evento por fim de semana, agora é um evento a cada sabe-se lá quanto tempo. Para piorar, com a pressão da ''Sociedade Amigos'', não existe qualquer hipótese de se fazer alguma coisa além de um jogo de futebol no Pacaembu.
É uma piada, agora, a prefeitura tentar convencer quem sempre jogou contra o Pacaembu (''Sociedade Amigos'' e Vereadores) de que a saída para o espaço é sua privatização. Está mais do que provado que, para um estádio dar dinheiro, é preciso que haja um evento capaz de levar pelo menos 20 mil pessoas a ele toda semana. Sem o futebol como atrativo, é praticamente impossível de isso acontecer.
O Pacaembu não é um bom negócio se não há um time de futebol para ser o ''âncora'' do local. Wembley, na Inglaterra, é a melhor prova disso. A cada ano, apesar de mais de cem eventos realizados, o lendário palco do futebol inglês acumula prejuízo. Se quisesse salvar o seu estádio mais tradicional, os vereadores da cidade de São Paulo deveriam ter tirado a camisa de torcedor e analisado a proposta que tornaria o espaço rentável e melhoraria a região.
Agora a saída é transformar o local num parque. Para desespero dos ''Amigos'' que moram lá…