A encruzilhada na qual jogaram Ana Moser
Erich Beting
O convite do governo a Ana Moser para a presidência da Autoridade Pública Olímpica (APO) é a típica situação que coloca a ex-jogadora e uma das mais influentes figuras da política esportiva brasileira numa encruzilhada.
O mico que se transformou o cargo de presidente da APO (detalhes na reportagem de Bruno Doro, do UOL, estão aqui) faz com que o convite sirva muito mais para usar a credibilidade de Ana Moser no mercado para dissipar dúvidas sobre o andamento da candidatura brasileira às Olimpíadas.
Caso o orçamento das Olimpíadas estoure, tenhamos de fazer obras a toque de caixa e sem cuidado com o caixa, e vivenciemos uma situação parecida com a do Pan-2007, é Ana Moser que ''corroborará'' com isso. Se ela avalizou algo que não foi como se planejava, terá imensa dificuldade em mostrar que não era a única responsável por isso.
Se a Olimpíada for executada à perfeição, tudo correr bem, cumprirmos o orçamento quase à risca e entregarmos um pós-evento bom para o público e para o esporte no Brasil, Ana será ainda mais valorizada no mercado.
Não é difícil imaginar que é esse o dilema que mais deve passar pela cabeça de Ana Moser no momento. Se estiver como presidente da APO, ela tem muito a perder caso a Olimpíada não saia como o esperado. Como uma batalhadora do esporte como meio de inclusão social que é, ela sabe, por outro lado, que tem a oportunidade única de ser, a 18 meses dos Jogos, uma das mais influentes figuras do evento.
Com certeza era mais fácil encarar o bloqueio triplo de Cuba naquela maldita semifinal em Atlanta-96 mais uma vez do que tomar essa decisão.
Uma coisa é certa. O convite a Ana Moser para a presidência da APO é uma baita encruzilhada para ela, mas também um atestado da enorme importância que ela tem para o esporte no Brasil.