Negócios do Esporte

Ativar não é só usar as redes sociais

Erich Beting

You Tube, Twitter, Facebook. De uns tempos para cá, o esporte parece ter encontrado o seu Eldorado no que diz respeito às ferramentas de ativação de um patrocínio. As mídias sociais se transformaram na vedete do mercado. O primeiro grande caso foi o do famoso quatro chutes no travessão dados por Ronaldinho Gaúcho pouco antes da Copa de 2006. Com mais de 1 milhão de visitas em semanas, aquele vídeo produzido pela Nike parecia indicar o caminho a ser percorrido pelas empresas na ativação de suas propriedades no esporte.

Com a popularização da internet no Brasil e, consequentemente, do acesso das pessoas às mídias ditas sociais, tudo ficou ainda mais evidente. Quer ativar um patrocínio? Basta fazer algo que envolva Twitter, Youtube e, mais recentemente, Facebook, que seus problemas estão resolvidos!

O exemplo recente de Claro e Ronaldo no Twitter indica, para os mais desavisados, de que esse é também o caminho correto a se seguir.

Não podemos, porém, cair no erro de achar que a rede social resolve a necessidade de ativação de um patrocínio. A ativação deve funcionar como qualquer plano de divulgação e promoção de uma marca. Não pode se restringir a um único meio e, mais do que isso, tem de tentar alcançar o maior número de pessoas possível mantendo proporcionalmente um custo coerente com a verba investida.

E esse é o pulo do gato. O que muitas vezes acontece quando se fala em patrocínio esportivo no Brasil é uma inversão de valores. A maior parte da verba é direcionada para a compra da propriedade, enquanto o que sobra para ações que fortalecem a relação da marca com o esporte é menos da metade do investido no patrocínio. Aí, realmente, as redes sociais viram a salvação da lavoura.

Mais barata e mais fácil de mensurar, as mídias sociais tornam-se a opção mais adequada para a realidade orçamentária da empresa. E o que acontece?

Por mais que tenhamos um milhão de acessos a um vídeo do Youtube (e olha que esse é o resultado de maior sucesso que já houve!), a marca não consegue aumentar o seu vínculo com o torcedor ou com o fã daquele esporte.

Ativar não é só usar as redes sociais. É preciso buscar a grande mídia, a gôndola do supermercado, a embalagem do produto e o que mais for parte da estratégia de comunicação com o consumidor. Com Copa do Mundo e Jogos Olímpicos no cenário, as empresas vão passar a entender melhor o valor disso.

Uma mostra estamos tendo nestas semanas, com a Tenys Pé, que fechou contrato com a seleção brasileira para ter a chancela de ''produto oficial'' da equipe nacional. A empresa contratou Neymar como garoto-propaganda e usou a grande mídia para fazer a publicidade. Pode apostar que a lembrança de marca do Tenys Pé com a seleção será muito maior do que se ela, simplesmente, tivesse optado pela via ''simples'' da mídia social, criando um perfil no Twitter com notícias da seleção ou uma fan page no Facebook com imagens do Neymar e do time nacional.

Por mais complexas que estejam as formas de se comunicar hoje em dia, ainda nada substitui os meios tradicionais. Tudo, no fim, se complementa. E o entendimento disso passa pela forma de se explorar a ativação de um patrocínio.

  1. Carlos

    14/07/2011 16:20:08

    Fabio, acho que estamos falando a mesma coisa, mas ainda continuo achando que é baixo e desonesto esta maneira de estar em evidência na mídia, chega a ser propaganda enganosa. Tem que se tomar cuidado com esta estratégia, pois continuamente, cansa e a credibilidade com certeza vai cair por terra, tanto do estrategista quanto dos veículos, por isso digo, ou caem com patos ou tem interesse financeiro na reportagem, voce já deve ter ouvido em matéria paga, colunistas e comentaristas patrocinados.É a força do quarto poder!!!!

  2. Erich Beting

    14/07/2011 12:27:05

    Rodrigo, assino embaixo de tudo o que você ponderou! Só em relação à Copa não a vejo como fator determinante para popularizar o soccer nos EUA. Mas em relação ao Campeonato Brasileiro, é lastimável como o produto foi colocado no lixo... Um abraço, Erich

  3. Erich Beting

    14/07/2011 12:03:31

    Sergio, o produto "seleção brasileira de futebol" consegue ser muito maior do que o dirigente. E, aí, com ou sem ele, o negócio acontece. Um abraço, Erich

  4. Erich Beting

    14/07/2011 12:02:44

    Flavio, realmente você precisa rever seus conceitos e entender que momento não precisa de um tenista em primeiro. Exatamente por mentalidades pequenas como a sua que o esporte não cresce mais no país. Um abraço, Erich

  5. Rodrigo

    13/07/2011 15:28:04

    Boa tarde, ErichGostaria de ouvir (ou ler, no caso) sua opinião sobre o produto "Campeonato Brasileiro de Futebol". Os dos próximos, comprados pela Globo dará acho que em torno de R$ 1,2 bi de reais a.a., somados os direitos de transmissão de todos os clubes. Um valor alto se comparado ao de anos anteriores mas, ao meu ver, muito abaixo de seu potencial, já que não acredito que seja vendido para fora do país. O nosso fuso horário permite que o vendamos para a Europa (jogos à tarde no final de semana será à noite lá) e também para os Estados Unidos (que estão cada vez mais gostando do Soccer. No caso dos EUA, o fuso é muito próximo, daria pra encaixar muitos jogos). Aliás, o fato de a Copa ser no Catar, e não nos EUA, na minha opinião é péssimo para nós, por exatamente ajudar a popularizar o esporte em um país que tem meia dúzia de habitantes, ao invés de um que tem um PIB de 15 tri de dólares. E, com o futebol brasileiro sendo retransmitido para Europa e EUA, o valor das camisas subiriam muito, atraindo empresas de porte internacional, como Volks, Fiat, Samsung etc (que já estão, mas nesse caso se trataria de estratégias de marketing globais, que atrai muito mais grana). Enfim, são só alguns comentários, gostaria de saber sua opinião.abraço!

  6. FLAVIO DEL POTRO

    13/07/2011 14:21:17

    BOA TARDE , PARA COROAR O MOMENTO BRILHANTE DO TENIS BRASILEIRO QUE VC COMENTOU HALGUM TEMPO ATRAS (PORQUE UM TENISTA SE COLOCOU NUMA SEMI DE MASTER 1000) O BRASIL VAI ENFRENTAR NA PROMOÇAO A RUSSIA FORA DE CASA NA DAVIS , OU SEJA MAIS 50 ANOS NA SEGUNDA DIVISAO DO TENIS.QUE MOMENTO.................

  7. Antonio Afif

    13/07/2011 12:00:39

    Perfeito, meu caro Erich. Aproveite e diga o que achou daquelas garotas holandesas na Copa, fazendo marketing de guerrilha.

  8. sergio sjcampos

    13/07/2011 11:45:24

    eric, as empresas que patrocinam os grandes eventos não vêem problemas em associar suas marcas à entidades que se encontram sob investigação de subornos e coisas do gênero. pergunto porque depois da entrevista do ricardo teixeira para a revista piauí - inclusive utilizando-se de termos chulos - fica a impressão de que, por exemplo, um banco não gostaria de ser associado á uma entidade cujo principal representante diz que c...ga para a opinião pública.abraço

  9. Fabio

    13/07/2011 06:09:22

    Discordo de ti Carlos. Os meios de comunicação não caem como patinhos, eles fomentam isso para tentar gerar mais IBOPE. Você já notou quanto tempo os caras falam o mesmo assunto nos programas esportivos da Band, Record e Rede TV?Você já notou que algumas chamadas do UOL, TERRA e outros provedores nem sempre contem o que você imaginava ao clicar? Isso é o marketing que temos.Isso porque o Brasileiro compra mais revista Caras do que a Veja ou Isto é.Quanto custa um comercial na Globo? Qual é o retorno??? Quanto custa um vídeo desses? Pra um retorno as vezes até melhor!Erich, será que não é o contrário? A mídia barata deixa espaço para contratar um garoto propaganda de maior expressão?Lembre-se do Banco do Brasil, que além de patrocinar a seleção de voley, sempre distribuiu camisetas para a torcida aparecer toda amarela na TV... Você nem precisa de uma boa tv de 500 polegadas para saber que é o BB que tá escrito nas camisetas...Estratégia de marketing bem pensada, assim como qq outro plano, é aquela que aborda com boa ideias uma quantidade maior de pessoas, independente dos custos, e pra isso, não precisa certificar produtos oficiais como a Tenys Pé (que tem se mostrado bem agressiva estampando os ombros de jogadores de vários times, e não só da seleção) mas sim, definir o público alvo e identificar quais midias atacam melhor esse público... Aliás, desde quando quem gosta de esportes tem chulé? kkkkk...

  10. Carlos

    12/07/2011 23:40:15

    Erich,A importância de estar na midia, faz com que alguns times criem polêmicas mostrando interesse em contratações grandiosas, uma boa para os patrocinadores, uma boa para a valorização do espaço das camisas, mas essa estratégia me parece um golpe aos noticiários esportivos, que acenam como furo de reportagem e as contratações quase nunca se concretizam, uma brincadeira de faz de conta, e os veículos de comunicação caem como verdadeiros patos ou são matérias pagas.É uma estratégia, mas um tanto quanto baixa e desonesta.

  11. Marcello

    11/07/2011 23:29:38

    Excelente tema para discussãoInteressante como até hoje se tem dificuldade de mensurar o quanto que determinada exposição traz de visibilidade para um produto ou uma empresa. Se lembrarmos do passado, talvez o melhor case de patrocínio, exposição e venda de produto que tenha existido no país seja a parceria Palmeiras-Parmalat que além do patrocínio ao time, trouxe uma nova forma de atuação da empresa dentro do país e sua popularização. Ainda sobre o tema das redes sociais, gostaria de lhe indicar caso não tenha visto a campanha da torcida do River Plate para que o time jogue de preto a segunda divisão ano que vem. Tive este mesmo pensamento quando o Corinthians caiu e acho uma idéia muito interessante tbm. Imagine daqui a 10 anos quanto não custará um exemplar da camisa que o time passou pelo "purgatório". Caso não tenha visto, segue o link: https://www.facebook.com/lacamisetanodesciende

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