A formação de atletas no Brasil e o caso Sport
Erich Beting
O Sport resolveu demitir o goleiro do time junior Gustavo, que na tarde de segunda-feira desferiu um golpe digno de filmes de luta num jogador do Vasco. A justificativa dada pelo clube pernambucano é a de que a atitude de Gustavo ''não representa o Sport''. O lance ocorreu durante a Taça BH de Juniores, um dos torneios mais famosos e cobiçados para a categoria junior.
Nas mídias sociais, deu para ver que a atitude do Sport dividiu opiniões. Alguns enalteceram a decisão da diretoria, uma vez que o golpe desferido por Gilberto foi realmente desproposital.
Mas a pergunta tem de ir muito mais longe do que isso. Afinal, o que leva um atleta ainda em formação perder a razão a ponto de acertar um golpe na nuca de um atleta adversário sem grande motivo?
A resposta passa, necessariamente, pelo processo de formação de atletas no Brasil. Já é sabido há muitos anos que o clube tem de ir muito além da simples formação esportiva do jogador. No processo de criação de um atleta, é cada vez mais imprescindível o clube fornecer apoio psicológico, instrução escolar, etc.
Não é possível, ainda hoje, o clube simplesmente se importar com o desempenho esportivo de um jogador em sua categoria de base. É preciso dar instrução, formar, educar. Sim, a educação deveria vir de casa, ou então da escola. Mas na ausência dessas duas instituições, por que não o clube assumir essa condição de formador da pessoa?
Esse é o ponto que hoje permeia a maioria dos clubes formadores de atletas no Brasil. Não se pode aceitar que o jogador tenha como única obrigação entrar em campo e defender o time. É preciso ser educado, orientado e formado para enfrentar as dificuldades de uma profissão. Do contrário, o próprio time de futebol só tem a perder com esse atleta.
Demitir um funcionário por um ato de selvageria é a atitude correta ou é a mais simples?
“Quero pedir desculpas ao Vasco da Gama por uma atitude irresponsável do goleiro. Esse tipo de coisa não representa o Sport. Ele já foi afastado da delegação e também do clube. Jogador nenhum do Brasil e muito menos do Sport deveria fazer isso”, afirmou Gustavo Dubeux, presidente do clube pernambucano ao falar sobre a saída de Gustavo.
Mas hoje o mesmo Dubeux voltou atrás e anunciou um novo trabalho a ser desenvolvido com seu xará.
“Temos que ver o lado do ser humano em uma hora dessa. Vamos prestar uma assistência psicológica para o jogador independentemente do seu afastamento do clube”, disse o dirigente.
É exatamente isso que se espera de um clube de futebol formador de atletas. Não investir apenas quando o funcionário garante rendimento dentro de campo. O trabalho fora das quatro linhas é, geralmente, aquele que mais benefícios trará para o clube, tanto do ponto de vista esportivo quanto no financeiro.
Quem sabe Gustavo perceba o erro que fez (se é que já não se arrependeu) e possa servir de exemplo para trazer um futuro melhor para os jogadores. Partir do princípio de que o erro não possa ser reparado é a atitude mais simples a se tomar. E, geralmente, a que menos gera frutos no futuro.
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Eduardo
02/08/2011 23:51:48
Caro Erich, apenas lutadores sem caráter poderiam dar um golpe daqueles. Aquilo é desleal e proibido em qualquer luta. O goleiro tirou a sorte grande naquele dia, pois era para ter matado ou deixado bobo e/ou aleijado o outro jogador, e ele iria carregar isto a vida inteira. E não aconteceu. É realmente preciso entender o que passou na cabeça do infeliz, para fazer algo assim. Afinal, se brigas já são lamentáveis, mas às vezes não se as pode evitar, uma voadora na nuca é fortemente evitável, ainda que ele não seja profissional de lutas. Mas, pelo jeito que ele desferiiu o golpe, acho que era ali mesmo que queria acertar. Precisa-se entender, então, o que o cara estava pensando e quem o ensinou a pensar assim.
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valmir
27/07/2011 17:06:04
joguei na varzea por 20 anos,no nosso campo jogador que cometia agressão não jogava mais, mesmo sendo de time adversário não era mais aceito.
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Erich Beting
27/07/2011 07:18:45
Escobar, não discuto uma não-punição ao atleta, mas também não se pode simplesmente largá-lo, sem qualquer amparo psicológico a ele. Exatamente para evitar que no futuro aconteça algo mais grave. Um abraço, Erich
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valmir
27/07/2011 07:18:19
reclama-se da impunidade e sempre defendem os criminosos, o cara agrediu e tem que ser punido.
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Erich Beting
27/07/2011 07:12:32
Luizinho, não defendo uma não-punição ao atleta, mas simplesmente demiti-lo é a atitude mais fácil a se tomar, porém a menos correta. Se ele comete um ato de selvageria desses, deve ser responsabilizado por isso (e o Código Brasileiro de Justiça Desportiva prevê esse tipo de punição). Só não dá para simplesmente o clube que forma o atleta jogar o problema para longe em vez de enfrentá-lo. Em relação ao PS, já disse isso no texto. Com as instituições família e educação sucateadas, muitas vezes cabe ao empregador de uma pessoa ajudá-la no seu processo de educação. Um abraço, Erich
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robson reis
26/07/2011 23:38:24
Após ler todos os comentários feitos pelos internautas, para mim fica claro que é muito fácil julgar, tanto o jovem Gustavo que praticou este ato covarde, quanto aos dirigentes de clubes. Vejam não estou aqui defendendo o ato do goleiro do Sport, nem tampouco os dirigentes de nosso futebol. Mas como o Erich Beting disse, é necessário se ir mais fundo no assunto.Não sou fã de punições que não tragam ensinamentos aos jovens, e pani-lo do futebol não traria lição nenhuma para ele, somente o deixaria longe de seu sonho de garoto e teríamos que lidar com mais um brasileiro frustrado como muitos que vemos por aí.Também não acredito que só pelo fato da maioria dos atletas virem das classes baixas, eles sejam ignorantes, animais, ou ter sua índole ou caráter duvidoso, isto para mim, se chama preconceito. Até mesmo porque isto não depende de classe social. Se pararmos para analisar os políticos que estão envolvidos em escândalos de corrupção, pedofília, etc, não são pobres.Acredito sim, que os clubes tem a responsabilidade não apenas de formadores de atletas, mas sim, de cidadãos comprometidos com o seu futuro e com o do próximo. É necessário dar assistência psicológica e educacional, além da financeira aos atletas. Mas também acredito que é obrigação do governo de promover também desenvolvimento humano em sua plenitude (educação, lazer, moradia, etc), afinal isto consta da Constituição Federal. Assim como cabe à família dar educação, caráter aos jovens. Para finalizar, a sociedade como um todo também precisa dar exemplo, e não é criticas destrutivas como de alguns comentários que vamos fazer os Gustavos da vida melhorarem.
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Sérgio
26/07/2011 22:02:32
Queria ver se você pensaria desta forma se fosse contra uma pessoa da sua família.
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Vorador
26/07/2011 20:45:11
Acompanhamento psicológico tem que dar para a mãe do jogador que viu seu filho no hospital e ficou pensando no pior, já que seu filho sofreu uma agressão a qual poderia te-lo deixado paraplégico, tetraplégico, ou levado ao óbito.Ato de violência, descabida e covarde, atacando pelas costas!Pergunto ao caro internauta, se você desferisse uma voadora pelas costas na nuca de seu colega de profissão, o que aconteceria com você?Agora parece que o futebol é outro mundo, onde não existe lei!Quanto a formação de jogadores, como o clube de futebol vai investir na formação de jogadores, se os jogadores são todos dos que se auto intitulam "empresários". Qualquer jogador que aparece já vira mercenário força a barra pra sair do clube, clubes não são donos de jogadores, jogadores que são donos de clubes, não é apenas o amor a camisa que deixou de existir, é o respeito a camisa que não existe mais. O Futebol arte? Ou são apenas um bando de corredores, brigões e mercenários! O único craque indiscútivel que temos para a Copa de 2014 é o Neymar! Não temos mais jogadores, a maioria dos craques já parou ou são veteranos! Se o Brasil não fizer algo rápido nosso futebol vai seguir assim...perdendo até do Paraguai!!!
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Marco Santos
26/07/2011 17:12:30
Caro Beting,Que a atitude desse garoto deve ser punida de forma não simplesmente severa, mas responsável, isso não há dúvidas... afinal, o Sport pode com isso estar criando mais um jovem revoltado por ter sua chance de melhorar de vida interrompida por um ato apenas.Mesmo porquê, tenho 38 anos e conto inúmeras histórias, de outros tempos é claro, de brigas generalizadas no futebol de várzea... ou seja, é coisa que acontece SIM nos campos por aí afora... Quem não sabe disso, ou cresceu longe do futebol de verdade das várzeas ou sofre de grave amnésia...Claro que ao vestir a camisa de um clube grande, espera-se que o jogador tenha noção disso ou que, pelo menos, a equipe técnica que o acompanhe já o tenha informado disso.Vamos cuidar do garoto, instruir e melhorar... ao invés de simplesmente largá-lo por um gesto infeliz...O garoto fez besteira ? SIM... Merece ser punido ? SIM... Merece ser banido ? JAMAIS...Abraço,
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Roberto
26/07/2011 16:51:57
Jonas,A questão é essa mesmo, são paulo e inter olham a família e o caráter do atleta antes de investir na sua formação. Na minha opinião insistir em adriano, love, thiago neves é perda de tempo. Existem muitos garotos que mesmo vindo de famílias pobres e sem recursos possuem maturidade e honestidade que não são vistas na classe média. O que falta hoje no Brasil é dar valor a quem merece e isso já começa errado nas escolas, onde quem estuda é careta e quem bagunça vira celebridade. O futebol poderia ajudar a mudar esse conceito, mas com esses dirigentes que você citou fica difícil...abraço
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Joao
26/07/2011 16:40:22
Bom futebol e boa cabeça? é piada né. E o São Paulo e Inter só se resumem nesses jogadores? E o resto?
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Luizinho
26/07/2011 16:35:12
E se houvessem sequelas para o Elivélton? E se o rapaz agredido ficasse preso numa cadeira de rodas e impossibilitado da prática do futebol? Que segunda chance esse menino teria? E os direitos do Elivélton? Ninguém lembra que o rapaz agredido também vem de uma origem humilde. Não é porque esse menino do Vasco nasceu de novo, que a atitude do Gustavo é menos grave.O auto-controle é o que nos separa de animais. A atitude desse garoto, que é maior de idade, não é diferente da atitude de um motorista que irritado pelo trânsito, atropela uma passeata de ciclistas.Erich Betting, é exatamente esse tipo de comportamento que só prejudica pessoas que tenham errado. O que esse menino fez está previsto tanto na justiça esportiva quanto na justiça civil. Ele errou e deve arcar com as consequencias de seus atos.PS: Não pode só se atribuir aos clubes o processo de formação do cidadão. Já está mais do que na hora do Governo Brasileiro assumir o seu papel na educação e formação de futuros profissionais e cidadãos. O estado da Educação Pública no país é calamitoso.
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Jonas
26/07/2011 16:10:47
Caro Roberto,Talvez seus exemplos não sejam os melhores pois tanto Kaká como Alexandre Pato já trazem de família uma formação social sólida onde o respeito pelo próximo lhes foi ensinado desde a infância. SPFC e Inter possuem ótimos centros de treinamento de jogadores jovens e fazem acompanhamento psicológico assim como vários outros clubes.O problema é que o futebol, com raríssimas exceções atrai aquelas pessoas que não enxergam muito mais alternativas para ascenderem social e economicamente. São os filhos da miséria, da pobreza absoluta, da ignorância. Raramente voce vê grandes revelações no futebol que sejam europeus. A maioria são latino americanos e africanos. Os clubes podem e devem dar assistencia psico social mas a índole do ser humano é corrigida dentro de casa. Mas como esperar isso de um povo que coloca nomes em seus filhos como Maicom (homenagem a Michael Jackson) Maicosuel (ou será que o pai quis dizer Maxwell!!!), onde o futebol é gerido por pessoas da índole de Ricardo Teixeira, Andrés Sanchez, Zezé Perrela, etc. Um abraço
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hugo
26/07/2011 15:56:17
Os clubes brasileiro precisam forma cidadoes tambem nao apenas jogadores de futebol
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Roberto
26/07/2011 15:45:49
É exatamente por isso que são paulo e internacional ficam na frente dos outros clubes brasileiros. kaká e pato representam bem o perfil das categorias de base dessas equipes: bom futebol e boa cabeça. Clubes faturando entre 150 e 200 milhões e não sabem utilizar esse dinheiro. Investir nas crianças a partir de 7 anos de idade e formar o jogador-torcedor é a melhor saída para o nosso futebol, mas alguns preferem tevez, valdivia, cañete, martinuccio, montillo, conca, d'alessandro e por aí vai...
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Alfredo Escobar
26/07/2011 15:27:45
Car Erich de bonzinho o seu tá cheio, concordo com o nosso amigo Jonas, este covarde deve ser banido do futebol, pois ainda sim é pouco, por milagre o jogado do Vasco da Gama, podia ter sofrido coisa pior, já vir casos de jogadores que sempre estiveram envolvidos nesses tipos de escandalos, deve-se tomar uma decisão agora, para mais tarde não acontecer coisa mais grave.Escobar
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Erich Beting
26/07/2011 15:20:29
Jonas, é exatamente esse tipo de comportamento que só prejudica pessoas que tenham errado. Rotular que não existe mais caminho para um garoto sub-20 é um tanto quanto precipitado. A via mais fácil é simplesmente desistir... Um abraço, Erich
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Jonas
26/07/2011 14:36:20
Caro Erich,Esse caso me parece não demandar grandes perdas de tempo com o jogador infrator. As imagens são claras. Agressão covarde e perigosa. Poderia ter matado o garoto do Vasco. Uma atitude como essa só pode partir de um cidadão desequilibrado, ou um bandido em potencial. Desculpe-me Erich, mas eu entendo que acompanhamento psicológico é necessário para adaptar seres humanos com ausencia de formação social, ao convivio em comunidades. Não para animais travestidos de jogadores de futebol como parece ser o caso desse cidadão. Como justificar a atitude dele e a agressão da forma como foi executada? Não tem perdão. Banido do futebol e que responsa por seus atos em juizo.
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