City, Chelsea e a nova ordem do futebol
Erich Beting
Caro torcedor, você gostaria que o time para o qual você torce fosse, de um dia para o outro, vendido para um bilionário excêntrico que depositasse milhões no clube, contratasse jogadores e, depois de um tempo, conquistasse títulos?
Enquanto aqui no Brasil muitas vezes glorificamos os feitos recentes do Chelsea (que derrubou o super Barcelona e está na final da Liga dos Campeões da Europa) e do Manchester City (campeão inglês após 44 anos), fico imaginando como seria a repercussão do que aconteceu com esses clubes se fosse por aqui.
No futebol europeu cada vez mais ditado pela lógica da grana, o mercado não comporta mais do que dez a 20 times de ponta. Soma-se a isso uma questão fundamental do esporte em nossa sociedade. Ele dá status e poder a quem está envolvido. É o cenário perfeito para que os bilionários resolvessem aportar alguns milhões na montagem de times estrelares e com relativa importância histórica.
Esse é o caminho que dita o sucesso de Chelsea, City, PSG e Málaga, para ficar nos exemplos mais recentes. O futebol como negócio se desenvolveu tanto na Europa que o espaço é para poucos. É bonito demais ver um espetáculo como as ligas da Alemanha e da Inglaterra, ou então uma partida da Liga dos Campeões.
Mas isso tem um custo. E ele é mensurado exatamente pela falência dos clubes menores e/ou que ficaram para trás em seu modelo de gerenciamento. Chelsea, PSG e City só voltaram ao estrelato pelo dinheiro investido a fundo perdido de um bilionário.
Será que o torcedor e a mídia aqui do Brasil estariam preparados para uma mudança de rumo dessa magnitude? Por que é fácil querer que tenhamos um campeonato tão bonito quanto aqueles hoje organizados em alguns países europeus. Mas estamos preparados para abrir mão do futebol romântico, em que o dinheiro é o que menos importa, para chegar a esse patamar?