As vaias sinceras do Brasil Open
Erich Beting
Nunca uma edição do Brasil Open de tênis, disputado há 13 anos no país, teve tanto público quanto a deste ano de 2013. O motivo, mais do que óbvio, foi o tiro certeiro dado pela Koch Tavares, agência organizadora do torneio, de contratar o espanhol Rafael Nadal para disputar a competição.
O título de Nadal serviria para coroar aquele que tinha tudo para ser o torneio dos sonhos para a Koch. Ao trazer o espanhol, a empresa finalmente conseguiu algo que nunca havia sido possível nos outros anos do Brasil Open, que foi ter o ginásio lotado ou muito cheio em quase todos os dias do torneio. Para melhorar, sobraram patrocinadores, e a final teve transmissão ao vivo em TV aberta!
Só que, quando o sistema de som do ginásio do Ibirapuera anunciou a entrada de Luis Felipe Tavares, presidente e principal sócio da Koch Tavares em quadra para premiar Nadal, o que se ouviu ecoar pelo ginásio foram as vaias ao executivo. Menos, é verdade, do que aquelas desferidas a Aldo Rebelo, ministro do Esporte.
Mas ao contrário das vaias destinadas a Aldo, que tem muito mais a ver com a revolta aos políticos, aquelas dirigidas a Luis Felipe Tavares foram vaias sinceras, que refletem exatamente o princípio básico que a empresa que ele comanda esqueceu de fazer: tratar bem o consumidor.
Desde quinta-feira, quando Nadal estreou na chave de simples, o torcedor passou apuros para conseguir assistir às partidas que tinha o espanhol. Mais absurdo ainda foi o cenário da final, quando as pessoas tiveram de ficar em pé ou, então, sentada nas escadas para conseguir assistir ao jogo. Sim, é isso mesmo o que você leu e poderá ver em alguns cliques feitos pelo blogueiro durante o jogo em que Nadal conquistou o bicampeonato no Brasil Open.
Em pleno 2013, menos de dois meses após uma das maiores tragédias do país causadas pelo absoluto descaso dos donos de uma boate com superlotação, normas de segurança e afins, presenciamos um novo espetáculo bárbaro.
Simplesmente não havia marcação de lugares nos ingressos!
Talvez por conta da experiência no Brasil Open de 2012, que passou a ser disputado em São Paulo, mas sem um nome de peso como Nadal para levar o público ao ginásio, a Koch tenha desdenhado da presença do torcedor em tal número na edição deste ano. Só que isso não justifica a empresa não seguir um princípio básico na gestão de um evento, que é numerar os assentos e fazer o público sentar conforme o número indicado em seu ingresso.
Quando o nome de Luis Felipe Tavares foi anunciado, as vaias talvez tenham sido a melhor forma de o público mostrar para o promotor do Brasil Open que, apesar de ter sido muito bacana a presença de Rafael Nadal em quadra, nada será possível para amenizar o descaso feito com o torcedor. Mais do que as vaias, porém, melhor seria se os torcedores que pagaram R$ 300 para ter de assistir em pé a um jogo fossem à Justiça buscar a indenização devida por ter sido tratado como palhaço.
A Koch Tavares se orgulha de ter 40 anos de história e pioneirismo na organização de eventos esportivos no Brasil. O que foi feito no Brasil Open de 2013 tem de entrar para a história nas aulas de gestão de eventos. De como não se organiza um! Diante do cenário que foi a final para o torcedor, as reclamações dos atletas com a péssima qualidade do saibro ou das bolas utilizadas em quadra são, realmente, ''fichinha''.
Abaixo algumas fotos que mostram o ''poleiro'' do Ibirapuera. Os corrimões amarelos são, teoricamente, as escadas de acesso e saída do público.