Casino diz não ter conhecimento para tocar Audax
Erich Beting
O Grupo Casino entrou em contato com o Blog após a publicação do post de ontem, falando sobre a decisão da nova direção do Pão de Açúcar de vender a equipe do Audax, que em 2014 disputará as primeiras divisões dos Estaduais de Rio de Janeiro e São Paulo. Na conversa, a empresa afirmou que a decisão não tem qualquer relação com a disputa entre Abílio Diniz e Jean-Charles Naouri pelo controle do Grupo, mas foi tomada pelos novos gestores do Pão de Açúcar após perceberem que não têm qualquer conhecimento para tocar um negócio que significa a presença de dois times na elite dos dois maiores Estaduais do país.
De acordo com o Casino, o time do Audax não é mais um projeto social, mas um negócio que emprega 500 atletas cujo interesse não é ter uma atividade complementar aos estudos, mas sim desenvolver-se como um atleta profissional. A defesa de que o clube seria um projeto social foi feita por Abílio Diniz em seu blog para criticar a posição dos novos gestores do Pão de Açúcar.
Para o grupo francês, o desmantelamento do time não é algo que gera um desgaste de imagem para a empresa, uma vez que ele não representa o negócio dela, que é ser uma marca de varejo. Como a direção do Pão de Açúcar entendeu que não teria coragem de assumir a gestão do clube, preferiu colocá-lo à venda para evitar um problema maior.
A justificativa, é claro, tem total lógica. É custoso manter dois times de futebol profissional, assim como gerenciá-los e fazê-los serem superavitários não é tarefa simples. Seria realmente lógico aos novos gestores abandonarem o projeto não fosse por um detalhe.
A gestão do clube, desde o seu início, foi desvinculada do Pão de Açúcar. Logicamente o projeto tinha a supervisão de Diniz, mas sempre foi desenvolvida uma estrutura própria de gestão do time, que é presidido por Fernando Solleiro e possui gestores próprios do time. Claro que o Pão de Açúcar ainda investe dinheiro para manter a estrutura, mas a tendência, com o clube na elite de São Paulo e Rio, é de que passe a dar resultado financeiro em breve.
Ou seja, o negócio não é tocado pelos gestores do Pão de Açúcar, mas por uma equipe própria. Mas os argumentos para se desfazer desse negócio seguem uma ideia lógica. Que, como dito aqui ontem, poderia ser bandeira da empresa como o Bayer Leverkusen foi para a Bayer na Alemanha. Mas que, por um conflito de interesses entre o antigo e o novo controlador do Pão de Açúcar, tende a acabar.
O fim do Audax, porém, pode ser menos doloroso do que a morte, aparentemente lenta e gradual, dos programas de promoção à atividade física que eram marca do DNA do Pão de Açúcar. Oficialmente, não há um posicionamento nesse sentido, mas internamente as mudanças já começaram.