A mesa não vira mais. Mas se virar…
Erich Beting
A mesa não deve mais virar no futebol brasileiro. Lá em 2003, quando Palmeiras e Botafogo tentaram, mas não conseguiram virar o jogo para corrigirem na marra o que não souberam fazer dentro de campo no ano anterior, o futebol brasileiro parece que entendeu que não caberiam mais viradas de mesa.
Não cabe porque não é bom para o futebol. Hoje, uma derrubada à força de Criciúma, Ponte Preta e Portuguesa, como revelou a repórter Camila Mattoso no site da ESPN (leia aqui), seria um estúpido tiro no pé de quem tenta subverter a lógica da bola com a (i) lógica da lei.
Desde a estraçalhada de mesa do Fluminense, em 1996, complementada com o Caso Gama, em 1999, que o futebol entendeu que pior do que ser rebaixado é tentar mudar as regras no meio do caminho para se beneficiar de uma ''não-queda''.
No atual cenário do futebol no Brasil, em que as marcas reduziram os investimentos por conta do alto preço que se paga pelo baixo retorno que se oferece, uma virada de mesa representaria jogar no lixo o restante de credibilidade que existe no futebol.
Para o mercado, a impressão que existe do futebol no Brasil é que hoje ele caminha da era amadora para uma era semiprofissional. Ou seja. Algumas, apenas algumas instituições começam a buscar um modelo gerencial mais profissionalizado, mas a grande maioria dos dirigentes e principais executivos segue com a mentalidade clubística, sem qualquer comprometimento com a gestão em si, apenas com o resultado esportivo. E a qualquer custo.
Virar a mesa é impensável nos dias de hoje pelo passado perverso que ela revelou após ser virada. A grande crise de investimentos em 2001 e 2002 no futebol do Brasil deixou claro que virar a mesa é um péssimo negócio. Mas, se os clubes decidirem virar a mesa, penarão pela próxima década tentando, de novo, recuperar uma imagem mais do que arranhada da confiabilidade de investir no futebol.
O futebol brasileiro não pode mais virar a mesa. Se sem ela já está mais difícil conseguir patrocínios, imagine depois?