Camisa amarela do Palmeiras acaba. E não deve ser reposta!
Erich Beting
Em meio à polêmica sobre o uso de uma camisa muito similar à da seleção brasileira, Adidas e Palmeiras celebram o sucesso de vendas do modelo amarelo, lançado no jogo em que o clube comemorou a volta à Série A do Campeonato Brasileiro, contra o São Caetano, dia 26 de outubro.
Só que o estouro das vendas está próximo de causar um problema para a fabricante e o clube.
Em diferentes movimentos nas redes sociais, torcedores reclamam que não conseguem mais ter acesso ao modelo. Nas principais lojas de comércio eletrônico, apenas o tamanho P da camisa está disponível para adultos. Já no site oficial da Adidas, não há mais a camisa amarela à venda, apenas algumas modelagens infantis e feminina.
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Oficialmente, a Adidas informa que o estoque de camisas acabou. A empresa diz que não há, por enquanto, previsão para que novas camisas sejam produzidas.
Procuradas pelo blog, duas marcas poderosas de e-commerce no mercado brasileiro confirmaram ao blog que solicitaram à empresa novas remessas do uniforme. Nos dois casos, a Adidas não informou se haverá mais camisas para serem vendidas.
O caso revela o quão amadora continua a relação do clube com o fornecimento de material esportivo para o mercado.
A menos de um mês do Natal, um produto é sucesso de vendas, a demanda pela compra continua a existir e simplesmente o fabricante não planeja colocar novamente o produto à venda. Nessa equação, fabricante, clube e torcida saem perdendo.
Se ainda estivéssemos no período em que Adam Smith escreveu ''A Riqueza das Nações'', tal comportamento seria aceitável, apesar de já condenável por alguns olhares mais atentos do que foi o berço do capitalismo. Como já se vão 237 anos desde que Smith começou a lançar esse conceito, é um tanto quanto surreal acreditar que isso ainda exista. Ainda mais quando envolve a marca esportiva líder do mercado de futebol no mundo e o clube com a quarta maior torcida do país.
Como sempre falamos aqui no blog, há um problema grave na indústria do futebol brasileira de falta de conhecimento do mercado. Quem são, de fato, os consumidores de um clube? O quanto eles consomem? Em que épocas? A quais valores?
Essas respostas simplesmente não existem para um clube de futebol no país. Afinal, quanto dinheiro a Adidas e o Palmeiras deixam de ganhar por não ter o produto disponível para o consumidor? O sucesso das vendas é ótimo, sem qualquer dúvida. Mas o fracasso do planejamento da demanda de compra é muito mais assustador.
No Brasil, o fornecimento de material esportivo não é um negócio. A marca está num clube apenas para a exposição na camisa. O que os clubes ainda não perceberam é que isso é péssimo para eles.