Negócios do Esporte

Arquivo : dezembro 2013

Brasileirão no STJD liga alerta para Unimeds pelo país
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Erich Beting

Em 2012, quando o Fluminense foi campeão brasileiro, a Unimed celebrou mais uma conquista após 13 anos de parceria com o clube carioca. O título do Brasileirão coroava o patrocínio de longa data ao Tricolor e reforçava a imagem da empresa de saúde. Um ano depois, a lambança de decisão do último time a ser rebaixado no Brasileirão-2013 nos tribunais de justiça desportiva fez com que o sinal de alerta fosse ligado nas Unimeds espalhadas pelo país.

Da mesma forma que as empresas se beneficiaram da conquista do Flu em 2012, agora podem ficar com a imagem arranhada pela permanência, nos tribunais, na elite do futebol brasileiro.

A maior preocupação atualmente gira em torno da Seguros Unimed. A empresa, que já patrocinou o Palmeiras entre 2010 e 2012, agora é patrocinadora da seleção brasileira. Assim que a Portuguesa perdeu na Justiça os pontos por escalação do atleta Heverton irregularmente, diversos posts nas redes sociais lembravam da associação da Seguros Unimed com a CBF e a consequente relação que poderia haver dela com a permanência do Fluminense na Série A, já que o clube é patrocinado também pela Unimed.

A parte curiosa dessa história toda é que, apesar de terem o mesmo nome e um “dono” em comum, Unimed e Seguros Unimed são empresas absolutamente distintas. Funcionando no sistema de cooperativas, a Unimed tem, em cada cidade, empresas diferentes, que em comum tem apenas o mesmo nome. Sócios, funcionários e orçamento são absolutamente distintos.

Isso fica evidente na relação entre as patrocinadoras da seleção e do Flu. A Seguros Unimed firmou, em agosto, contrato de patrocínio à CBF. O acordo garante à empresa, com sede em São Paulo, a chancela de ser patrocinadora da seleção brasileira. Já a Unimed Rio é quem patrocina, desde 1999, o Fluminense. Nem mesmo a cor das empresas são iguais. A com sede paulistana usa a cor azul, enquanto a empresa do Rio, assim como quase todas as outras cooperativas pelo país, tem a cor verde.

Procurada pela reportagem, a Seguros Unimed disse que a única relação em comum entre as empresas é o fato de ambas serem do sistema Unimed, como são outras 375 empresas. Os patrocínios no esporte são até diferentes, já que a empresa paulistana também apoia provas de corrida de rua e atletas que disputam a paralimpíadas, algo que já fez parte e que hoje saiu do escopo da Unimed Rio, que por sua vez, além de corridas, apoia atletas do vôlei de praia, o time de vôlei da Unilever, entre outros.

Ao todo, são 377 cooperativas, que atuam de forma independente. Como forma de “unificar” a comunicação das cooperativas, a matriz da Unimed sugere às empresas locais que invistam no esporte e, de preferência, no futebol. A unificação do plano de marketing foi adotada no final dos anos 90, pouco depois de a Unimed Rio começar a investir no Fluminense, por força de Celso Barros, ativo sócio do clube carioca e que decidiu ajudar o time após a queda à Série C nacional.

Com quase 15 anos de história de investimento dos mais diversos no esporte (só para lembrar, a Unimed Rio Grande do Sul faz o patrocínio à dupla Gre-Nal, e a Unimed de Santa Bárbara d’Oeste apoiou o nadador César Cielo no começo da carreira), pela primeira vez a Unimed entra num princípio de crise de imagem, graças à lambança do campeonato decidido na Justiça.

Como já dito no blog há algum tempo, a decisão extracampo, por mais justa que seja, tira do futebol o sentimento de credibilidade que havia sido resgatado nos últimos anos. Quando essas discussões começam a respingar em patrocinadores, cria-se ainda mais um sentimento de insegurança para que haja um investimento.

A Nissan já saiu do Vasco por conta das cenas de barbárie produzidas pela torcida vascaína. Um dano à imagem da Unimed, nesse momento, é mais um arranhão que o futebol brasileiro consegue produzir nos seus parceiros comerciais.


Por parceiro, Fifa permite a cegos tocar taça da Copa
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Erich Beting

Para atender à estratégia de comunicação de um patrocinador, a Fifa abriu uma exceção à rígida política de manuseamento da taça da Copa do Mundo. Pela primeira vez, uma pessoa “comum” pode tocar a taça do Mundial. A permissão, que é restrita a chefes de estado e aos jogadores que a conquistam, teve como objetivo cumprir uma parte do plano de divulgação da Coca-Cola relacionado à Copa.

Em setembro passado, o time de cegos do futebol de 5 do Brasil, que é campeão paraolímpico, teve a permissão para tocar pela primeira vez a taça da Copa. O encontro dos atletas com a taça foi gravado pela Coca-Cola, que nesta quinta-feira (dia 26) lança um vídeo de 30s na televisão para mostrar às pessoas como foi a reação de Ricardo Alves, o Ricardinho, um dos principais jogadores do time brasileiro e que é o personagem da campanha (o vídeo, que ainda não foi divulgado, você encontra ao final do texto).

A peça publicitária marca o pontapé inicial das ações de ativação da Coca para o ano da Copa (leia mais detalhes aqui). Como afirmou ao blog Victor Bicca, diretor de comunicação da Coca-Cola, a ideia é mostrar que a empresa tenta fazer um Mundial inclusivo. O mote da campanha da empresa para o torneio é “A Copa de todo o mundo”.

“Pretendemos fazer uma conexão grande com os legados que estamos construindo a partir do Mundial. A Copa, para nós, não é somente as ativações das propriedades, mas é  também baseada em legados socioambientais”, disse Bicca.

Para a Copa do Mundo, a grande ativação será com o tour da taça. A partir de abril, a taça do Mundial, que está rodando o mundo, chega ao país. A partir dali, ela vai passar pelas 27 capitais, num giro inédito no Brasil. “Algumas cidades que receberão a taça não receberam nem mesmo a seleção brasileira”, exemplificou Bicca, mostrando o tamanho do alcance que terá o tour da taça.

A ideia de tornar a Copa mais inclusiva possível fez com que a Coca-Cola adotasse um discurso diferente para a promoção da marca no Mundial. Até agora, ela tem sido a empresa que mais tem tentado falar sobre os legados que ela tem gerado para o país a partir do evento. Com isso, a expectativa é conseguir passar uma imagem mais positiva do patrocínio à Fifa, algo que tem preocupado bastante os patrocinadores, especialmente com os protestos que aconteceram na Copa das Confederações.

O resultado prático das ações só deve vir no fim do ano, quando a Copa terá de fato passado e aí começaremos a contabilizar os reflexos disso. Até lá, as empresas vão tentar, cada uma a seu jeito, mostrar que o patrocínio é um bom negócio. Também para o consumidor.


O ouro europeu do Brasil no handebol. Alguma novidade?
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Erich Beting

A inédita conquista do ouro pela seleção feminina de handebol no Brasil é europeia. Não há mal algum em constatar o fato e, mais do que isso, não há qualquer problema em aprender com ele. O Brasil é o país campeão do mundo num esporte que sempre foi dominado pelos países nórdicos e/ou anglo-saxões. E o mérito disso é o fato de que o país foi para o exterior para conseguir virar essa potência mundial.

“A verdade é que ainda dependemos de atletas, como essas meninas, que vão para o exterior evoluir. Ainda estamos dez anos atrasados em relação à Europa”.

A frase é de Morten Soubak, o treinador do selecionado brasileiro. Dinamarquês que veio para um ano de estágio no Brasil, há quase 15 anos. Foi auxiliar no Clube Pinheiros, treinou times de faculdade, gostou do país e decidiu ficar. Com a seriedade de um dinamarquês, mas adaptado ao estilo brasileiro, ele conseguiu levar o país ao inimaginável. Agora, traz apenas o panorama real.

Para ser o melhor do mundo no handebol entre as mulheres, o Brasil precisou de um trabalho de planejamento. Levou atletas para o exterior, onde competem em alto nível, procurou participar ao máximo de competições e, também foi importante, há dois anos o país recebeu o Mundial da modalidade. Em casa, mesmo que para pouca torcida, as meninas já haviam chegado até o quinto lugar. A experiência serviu para em Londres, nos Jogos Olímpicos, o time evoluir mais um pouco. E, agora, o resultado máximo apareceu.

Só que a frase de Soubak sobre a conquista é a que mais deve ser levada em conta se o país quiser ser também do handebol, como é do voleibol e do judô e que já foi do futebol e do basquetebol. Sim, é isso mesmo. Só somos o país do vôlei e do judô. Nas outras modalidades, hoje, estamos atrasados em relação ao jogo que é jogado lá fora.

O alerta de Soubak é também o alerta para o futebol, para o basquete, para o handebol, para a peteca, a bola de gude e o que mais quisermos pensar em termos de competição. À exceção do vôlei e do judô, em que as confederações montaram um sistema de aperfeiçoamento técnico que nos equiparou aos melhores do mundo, não há uma gestão que pense estrategicamente no desenvolvimento dos atletas.

Talvez o rúgbi em cerca de dez anos consiga isso, mas o abismo que hoje separa o Brasil das demais nações ainda é muito grande.

Nos demais esportes, e o futebol está incluído nessa conta, o Brasil precisa ir para fora para começar a extrair bons resultados. Nossas ligas estão enfraquecidas, nossa capacidade técnica de formação de talentos parou no tempo, nossa condição para treinamento e desenvolvimento de atletas é precária.

Teoricamente as confederações, no Brasil, têm tanto ou mais dinheiro que as principais entidades do mundo todo. O problema é muito mais de conseguir elevar o padrão do esporte como um todo. O ouro do handebol evidencia isso. Um grupo de atletas que abdicou de morar em seu país para poder ter rendimento e levar o Brasil ao topo. É a prova de que talento existe, mas ele precisa de muita lapidação para poder chegar ao melhor.

O futebol no Brasil vive, hoje, o mesmo problema do handebol ou do basquete. Não temos mais um campeonato forte, que faça com que nossos atletas atinjam níveis altos de competitividade. Para evoluir, é preciso expatriar o talento, o que enfraquece as competições locais, diminui o interesse da imprensa e, naturalmente, o do torcedor.

O ouro do Brasil no handebol é europeu. Assim como a vitória do futebol na Copa das Confederações tem o DNA do Velho Continente.

O Brasil é campeão do mundo de handebol, sim. Mas precisa começar a importar qualidade se quiser manter-se no patamar mais alto dentro da modalidade. Do contrário, será como em várias outras histórias, de vitórias conquistadas por conta de grupos talentosos de atletas que se formaram, e não por um trabalho constante e eficiente de formação de talentos.

Visão estratégica da CBHb e da comissão técnica brasileira que foram buscar, lá fora, o que não se tem aqui. Mas é necessidade de o país usar essa conquista para solidificar as próximas. Ser patriota, afinal, não é bradar que aqui temos o melhor handebol do mundo, mas saber olhar o porquê de essa conquista ter precisado deixar o país para acontecer.


Brasileirão tem 15% mais público e 49% mais renda em 2013
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Erich Beting

O Campeonato Brasileiro de 2013 teve um ligeiro aumento de público e um sensível aumento de arrecadação. O torneio, que terminou dentro de campo no último dia 8 de dezembro, foi o que mais dinheiro gerou nas bilheterias do país.

Um levantamento inédito feito pelo núcleo de pesquisa da Máquina do Esporte mostrou que o Brasileirão-2013 teve 15% a mais de público do que no ano passado e 49% a mais de receita.

Nos 380 jogos do torneio, quase 6 milhões de torcedores pagaram ingresso para ir aos jogos nos estádios (5.983.578 pessoas, para ser mais preciso). O número que mais variou, porém, foi o de arrecadação. Ao todo, a receita com a venda de ingressos chegou a R$ 176,5 milhões, recorde histórico no país e 49% a mais de receita do que em 2012. 

O que levou a esse aumento foi, sem dúvida, a inauguração dos estádios reformados para a Copa do Mundo. Maracanã, Mineirão e Mané Garrincha puxaram os números para cima. O estádio de Brasília, aliás, foi o que teve o melhor “aproveitamento”, com uma arrecadação média de R$ 2,5 milhões por partida.

O aumento da receita também gerou um natural aumento das despesas do clube. Por conta dos novos estádios, os clubes gastaram R$ 71,7 milhões com aluguel e demais custos por partida. Mas a receita líquida, que é o dinheiro que foi parar nas contas das equipes, cresceu 25% e chegou a R$ 74,3 milhões, também um recorde no Brasil.

Os novos estádios começam a dar uma nova cara para a arrecadação com bilheteria no país, mesmo ainda longe de ter mudado a maneira como o torcedor é convencido a ir para uma partida.

O potencial de aumento de receita, porém, é bem maior do que o já obtido. Pelo levantamento, constatou-se que a taxa de ocupação dos estádios, somando-se Brasileirão e Copa Perdigão do Brasil, ficou em 40%. Ou seja, não temos nem a metade da capacidade real de ocupação preenchida.

Com os novos estádios de Corinthians, Palmeiras, Inter e Atlético-PR, a tendência é que novos recordes sejam obtidos em 2014. Para isso, porém, é fundamental que o tratamento dado ao torcedor seja melhorado. Do contrário, com o tempo diminui o interesse em conhecer os novos estádios e o público, assim, começa a cair.

Esses e outros números constam do mais extenso estudo já feito sobre o comportamento do torcedor num estádio de futebol do Brasil. Colocamos o dossiê em pré-venda nesta sexta-feira pelo site da Máquina do Esporte (veja detalhes aqui). Para quem trabalha com futebol, é um prato saboroso para começar a repensar a maneira como trabalhar o futebol.


A diferença entre os Mundiais. Da Fifa e da Toyota
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Erich Beting

A zebra verde e branca do Raja Casablanca desbancou mais uma vez a final que parecia óbvia do Mundial de Clubes da Fifa. Pela segunda vez em dez edições do torneio com a chancela da entidade, a decisão deixa de ter um representante da América do Sul. Essa situação mostra, na essência, qual a grande diferença entre os Mundiais que foram disputados entre clubes na história do futebol.

O primeiro, denominado Copa Intercontinental, reunia apenas os clubes campeões da América do Sul e da Europa. Era uma forma de os dois continentes que produziam os principais atletas e clubes do futebol na época medirem forças para determinar qual era o “melhor do mundo”. Entre 1960 e 1970, o torneio tinha pelo menos duas partidas para definir o campeão, uma em cada continente. Depois, passou a adotar o saldo de gols para tentar reduzir o número de jogos para o título. No fim dos anos 70, com a agenda mais escassa e com mais dinheiro vindo de outras competições, por algumas vezes o campeão europeu abdicava da disputa do “Mundial”, o que causou, em duas ocasiões, a não-realização do torneio.

A guinada da Copa Intercontinental veio em 1980, quando o plano de expansão global da montadora japonesa Toyota foi colocado em prática. A empresa decidiu, então, patrocinar o torneio. Com isso, o Mundial passou a se chamar Copa Toyota, sendo realizado em apenas um jogo, no Japão, país-sede da empresa. O caráter comercial do jogo fez com que a premiação em dinheiro para os clubes se tornasse mais atraente, e a partir de então a partida sempre contou com a presença dos campeões de cada continente, uma das exigências constantes do patrocínio.

O modelo deu tão certo que, em 2000, a Fifa tentou puxar para ela a organização do Mundial. A primeira tentativa, ainda capitaneada pela agência ISL, foi o torneio disputado no Brasil, que levou à conquista inédita do Corinthians. No ano seguinte, com a quebra da agência de marketing esportivo, o projeto do Mundial naufragou. Só em 2005 a Fifa, a partir de um acordo com a Toyota, conseguiu unificar as disputas.

E é exatamente aí que reside a grande diferença hoje entre os Mundiais.

O torneio da Toyota tinha um caráter comercial por trás da disputa que fazia ela ser reduzida aos campeões dos dois continentes mais representativos do futebol e também estratégicos para a empresa.

A partir do momento em que a Fifa passou a ser a organizadora da competição, ela precisou ampliar o alcance da disputa. Não eram mais só os interesses da Toyota em campo, mas também o da entidade esportiva. Assim, o Mundial passou a ter clubes de todos os continentes e também a equipe do país-sede. O objetivo, com isso, é ampliar o alcance esportivo do torneio.

O mérito esportivo fica maior no Mundial com o formato da Fifa, e a prova disso são as zebras de Mazembe, em 2010, e Raja Casablanca, agora. Mas, comercialmente, é muito mais interessante, para uma empresa que patrocina o evento, ter a audiência dos mercados da América do Sul e da Europa. Por isso, lá atrás, a Toyota não corria o risco de uma zebra espantar parte do interesse dos mercados-chaves da marca.

Uma coisa, porém, é inegável. O caráter de campeão do mundo, de um jeito ou de outro, está mantido.


Izael Sinem, ex-Nestlé, assume marketing do Corinthians
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Erich Beting

Uma reunião na última terça-feira com o presidente Mario Gobbi selou a oficialização do novo diretor de marketing do Corinthians. O escolhido foi Izael Sinem, ex-diretor de marketing da Nestlé, que saiu da empresa de alimentos recentemente, após as mudanças no comando da multinacional, e hoje comanda a agência I Brasil.

Sinem já está hoje no clube, planejando as ações para o próximo ano. Ele começa a comandar o departamento, liderado por Caio Campos, a partir de janeiro.

O executivo não será remunerado pelo trabalho no clube. Ele assume o cargo de diretor estatutário, vago desde a saída de Ivan Marques, em agosto passado.

Sinem terá pela frente o desafio de recolocar o marketing do Corinthians em evidência. Desde o início do ano, o clube reduziu sensivelmente as ações do departamento, muito por conta do estilo de Gobbi.


Com prêmio do COB, empresas começam a ativar 2016
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Erich Beting

A edição de 2013 do Prêmio Brasil Olímpico, criado pelo COB para condecorar os atletas de maior destaque nas modalidades olímpicas, serviu para que algumas marcas começassem, finalmente, a trabalhar a comunicação voltando seus olhos para 2016.

As duas marcas que mais se destacaram no evento desta terça-feira foram o Bradesco e a Coca-Cola. O banco, que é a empresa brasileira que mais investiu no patrocínio às Olimpíadas, fez o evento de premiação dentro do Teatro Bradesco, em São Paulo. Já a marca de refrigerantes aproveitou para resgatar o apoio aos Jogos Escolares da Juventude, em setembro passado. Quatro jovens que disputaram a competição escolar subiram no palco com os atletas premiados.

As ações de ativação começam a mostrar um posicionamento, ainda que tímido, das empresas em relação ao evento que começa a entrar na reta final de preparação. Sem poder contar com a exposição da marca nas arenas, os patrocinadores olímpicos tendem a investir mais dinheiro em ações que contem um pouco sobre o patrocínio que é feito ao evento.

A tendência é que, no segundo semestre do ano que vem, após a Copa do Mundo, as marcas concentrem cada vez mais esforços para falar de Olimpíadas. Até agora, apenas nos eventos maiores, como campeonatos mundiais e premiações do COB, as marcas têm feito algo mais consistente.

Como são muito mais atletas envolvidos nas Olimpíadas, a tendência é de que as marcas invistam durante mais tempo nas ações de comunicação do patrocínio. Isso deve levar o mercado a um certo aquecimento pré-evento, mudando um pouco o cenário que foi da Copa do Mundo, quando as marcas esperaram os meses antes dos principais eventos relacionados ao Mundial de futebol para se comunicar.

O uso do prêmio desta terça-feira para a ativação das marcas foi uma prévia do que está por vir. E uma notícia um tanto quanto alentadora para o mercado, cada vez mais com um ponto de interrogação na testa pelos péssimos exemplos vindos do futebol.


Nissan dá o exemplo; restam os outros seguirem
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Erich Beting

Um comunicado distribuído à imprensa no final da tarde desta segunda-feira, pós-decisão do STJD, colocou mais lenha no debate sobre a involução do futebol brasileiro. A fabricante de automóveis Nissan decidiu retirar o patrocínio ao Vasco. Na nota, a montadora justifica o ato pelas cenas de selvageria proporcionadas pelos torcedores vascaínos na última rodada do Campeonato Brasileiro, que decretou a queda do clube à Série B.

“A direção da Nissan considera que os referidos atos de violência são incompatíveis com os valores e princípios sustentados e defendidos pela empresa em todo o mundo”, dizia parte do comunicado.

Esse talvez tenha sido o ato mais exemplar que uma empresa já deu para o futebol brasileiro. Muitas outras marcas já deixaram o futebol tendo motivos de sobra para tal. Mas nenhuma, antes, colocou tanto o dedo na ferida.

No momento em que mais se previa que o futebol no Brasil transbordasse em dinheiro, o que se observa é um movimento oposto. Sim, as receitas aumentaram, mas num crescimento quase inercial, pelas renovações dos contratos de TV e de fornecimento de material esportivo, turbinadas por concorrência. Os clubes pouco ou quase nada fizeram para merecer novos contratos e mais receita.

Pior ainda, os desmandos de fora de campo levaram a uma situação de insatisfação tremenda. Jogadores protestam, torcedores reclamam, brigões pulam pelas arquibancadas, advogados surgem ao final da história em busca de um “grand finale“.

A sensação que se tem é de que voltamos aos anos 80/90. Involuímos, em questão de cinco anos, para patamares de 15/20 anos atrás. Com mais dinheiro, mas igualmente sem saber o que fazer com ele.

Por isso, a decisão da Nissan de deixar o Vasco dá a medida certa do que é o momento atual do futebol no Brasil. A meio ano da Copa, é inseguro, para uma marca, se associar ao esporte. Não por acaso, os patrocínios ficam centrados no que é “seguro”. A seleção brasileira e o Mundial.

Ao explicar que deixou o Vasco pela briga da torcida, a Nissan dá a medida do que exige de quem é patrocinado. Seriedade e profissionalismo devem pautar o trabalho do clube na relação com o patrocinador e no comportamento dentro e fora de campo.

Com o futebol sendo um investimento cada vez mais alto para as marcas, é fundamental que os clubes profissionalizem suas gestões. Continuar no estágio semiprofissional de hoje é metade do caminho para que as marcas deixem de investir.

A grande diferença do que fez a Nissan agora daquilo que diversas outras marcas fizeram em 2001, primeiro ano após a malfadada Copa João Havelange, foi explicar claramente o motivo da sua saída. Até porque, na Série B, a chance de a empresa ter mais visibilidade e ampliar o relacionamento com o torcedor vascaíno pelo Brasil fazia do patrocínio um negócio até melhor do que foi neste ano.

Se a moda pega, vai sobrar espaço nas camisas para os próximos anos…


Carta para Peter Siemsen
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Erich Beting

Caro presidente Peter Siemsen, espero que, de alguma forma, esse texto chegue até você.

Não nos conhecemos pessoalmente, porém admiro muito sua coragem. Ao assumir a presidência do Fluminense, o senhor começou um trabalho árduo para tentar reduzir a dependência que o clube sempre teve da Unimed. Seria impossível romper logo de cara com o “parceiro”, mas nos últimos dois anos o senhor tem tentado dar a tão sonhada independência perdida lá em 1999, quando o clube precisou dos milhões da empresa de saúde para sair do buraco em que havia se colocado.

Aliás, desde quando o senhor se tornou presidente do Fluminense, o clube parece ter saído das trevas. Investiu em marketing, buscou novas formas de financiamento, negociou parcerias no exterior, trabalhou para resgatar a imagem do Flu.

Agora o senhor talvez tenha em mãos a grande oportunidade para dar um novo significado ao sentimento do que é ser Fluminense.

Pode parecer irônico, ou destino mesmo, que caiu exatamente na sua gestão uma tomada de decisão que pode, de uma vez por todas, mudar a triste história recente do Fluzão que o levou para a situação tão deprimente como a encontrada pelo senhor. Por mais que o senhor diga que o clube não tem qualquer relação com as viradas de mesa do passado, o fato é que o Flu foi o grande beneficiado da desordem que tomou conta do nosso futebol do meio para o fim dos anos 90 e comecinho dos anos 2000. E ficou absolutamente marcado por isso.

O negócio foi tão traumático, presidente, que aconteceram duas CPIs para destrinchar e vasculhar a vida dos principais dirigentes esportivos após tanto desmando e mudança, fora de campo, do que aconteceu dentro dele.

Os grandes heróis não são construídos a partir de vitórias, mas de histórias. 

Não sei se o senhor se lembra quem venceu a maratona olímpica feminina de 1984. Quase ninguém sabe, mas com certeza todo mundo se recorda da atleta suíça Gabriele Andersen adentrando o estádio Olímpico cambaleante, esforçando-se para completar os 42km do percurso. Ela ficou em último lugar!

Acredito que o senhor também não se recorda do nome do vencedor da maratona olímpica masculina de 2004. Recordamos, apenas, de Vanderlei Cordeiro de Lima, chegando com os braços abertos celebrando o bronze que valeu mais do que ouro, após ter sido atropelado por um maluco quando liderava a corrida.

Guardadas todas as proporções o senhor tem em mãos, mais ou menos, a oportunidade de ser lembrado para sempre. Não com a triste imagem do champanhe estourado por Álvaro Barcellos lá em 1997, mas por um ato de grandeza digno de heróis de verdade.

Se uma de suas grandes preocupações como presidente do Fluminense é recuperar a imagem do clube, talvez não tenha melhor oportunidade para fazer isso.

A Portuguesa errou, sim. Mas a culpa pelo delito por ela cometido é realmente dela?

Suponhamos que o senhor tropece num buraco na rua e, por fatalidade, caia e acerte uma pessoa, que se machuca seriamente e fica inválida para o trabalho. Essa pessoa decide processá-lo por conta disso. Afinal, você foi quem a acertou e a deixou sem condições de trabalhar. O senhor tem de ser sumariamente condenado a pagar uma pensão vitalícia a ela ou será que há alguém maior que isso envolvido no problema?

Com todas as diferenças e nuances, foi isso o que aconteceu. 

Será que o erro é mesmo da Portuguesa ou da incompetência de quem é responsável por organizar o campeonato? Como é que pode não existir uma lista em que estejam os atletas aptos a jogar naquela partida? É mais ou menos como não ter um aviso de que há um buraco na calçada, já que a incompetência do gestor público não permitiu ainda que fosse feito reparo.

Faça do Fluminense o clube que orgulha o Brasil retumbante.

Afinal, o “delito” cometido pela Portuguesa foi colocar, por menos de 20 minutos, um atleta irregular. Será que isso é realmente motivo para dizer que o clube precisa cair no lugar de outro que talvez tenha jogado cinco grandes jogos no campeonato e sido medíocre na maior parte do restante da competição?

O senhor é pai de quatro filhos, imagino o quanto seja difícil educá-los a serem cidadãos mais corretos e melhores num mundo cada vez mais individualista e oportunista. Imagine a sensação de, se um campeonato de escola de um deles tivesse tido uma mudança de resultado obtido dentro do campo por conta de um erro e que isso fosse determinar a perda do título de seu filho?

Como o senhor explicaria moralmente para ele que a lei está a favor daquele que foi mais incompetente dentro de campo?

Se isso não serve para o senhor mudar de opinião, então deixe de lado a paixão pelo Fluminense e pense como gestor do clube. O senhor já fez uma análise de prós e contras de uma mudança de classificação do campeonato que beneficiasse o seu clube?

Sim, claro que isso seria excelente para os seus eleitores e até para comemorar o Natal em família mais aliviado. Mas e para a instituição? Será que é realmente esse o melhor caminho? Ficar fadado, para sempre, como o clube da virada de mesa? Por mais que o senhor tente argumentar que o Flu nunca tenha pedido para a mesa virar, ele curiosamente sempre se deu bem nessas transformações do resultado em campo por resultados dos tribunais.

Isso não prejudica o futuro do clube?

O senhor pode escrever uma grande história nessa segunda-feira, caro Peter Siemsen. E o resultado de uma atitude de grandeza pode ser muito maior do que um oportunismo que mascara os erros de um ano ruim.

Espero, caro Peter, que o sentimento de Justiça exista em seu íntimo. O egoísmo, quase sempre, só traz problemas mais à frente. Somos seres que vivemos em sociedade. E, por isso mesmo, em alguns instantes estamos por cima e em outros, por baixo.

Afinal, feio não é cair. É não fazer nada e deixar o outro cair para se safar.

 


Fifa afirma ter dado chancela a QG alemão na Bahia
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Erich Beting

A diretora de comunicação da Fifa, Delia Fischer, acaba de entrar em contato com o blog para afirmar que a federação alemã fechou o “Campo Bahia”, local em que ficará hospedada, após uma consulta realizada com a Fifa.

De acordo com a executiva, os alemães fecharam um acordo com a Match para que a seleção fique no lugar. A Match é a agência responsável pela logística de hospedagem dos clubes, entre outras coisas. De acordo com Delia, os alemães já haviam solicitado que ficariam naquele local, que faz parte das locações da Fifa.

A executiva informou, ainda, que não há qualquer veto aos patrocinadores das seleções exporem suas marcas nos espaços de treinamento. O que eles não podem, segundo Delia, é “usar a logomarca da competição. É assim desde 1998”, afirmou.

Leia a seguir o comunicado da Fifa sobre o assunto:
“A Fifa, o COL e o escritório de hospedagens da Fifa mantiveram contato com a Federação Alemã de Futebol (DFB) durante alguns meses após a entidade ter manifestado o interesse em ficar hospedada no “Campo Bahia”. Como não havia garantias de que o local seria construído a tempo do Mundial, ele não foi colocado como uma opção na lista de “campo-base” publicado no site da Fifa. Durante esse meio-tempo, a construção avançou, e a propriedade passou a fazer parte da lista, sendo que o local de treinamento também está em processo de finalização. Atualmente, o Campo Bahia é uma propriedade reconhecida como qualquer outro campo de treinamento dos times, que fazia parte da lista de locais aptos a receber times e que foi escolhido pela Alemanha. Esse processo também ocorreu em Copas do Mundo anteriores com várias equipes”.

Delia Fischer ainda apontou que cada seleção é requisitada a fazer um “dia para a mídia” antes das partidas. Nesse dia, eles treinam nos campos com as marcas dos parceiros da Fifa.