A TV influencia o esporte. Em qualquer lugar
Erich Beting
Uma das grandes reclamações que existem no mercado brasileiro é a influência que a Globo exerce sobre o esporte. Sem sombra de dúvida, a emissora hoje é um dos se não o principal ator do esporte no país. Mas o fato é que a força da televisão sobre o esporte é gigantesca. E em qualquer lugar.
Na última segunda-feira, o ''Sports Business Journal'', principal publicação especializada em negócios do esporte dos Estados Unidos, publicou sua tradicional lista das 50 personalidades mais influentes do esporte por lá. O ranking é uma espécie de acariciador de egos da indústria esportiva mais desenvolvida do mundo, mas também serve para explicar, bastante, o jogo de poder que existe no esporte por lá.
Pois bem. O ranking divulgado nessa semana traz como pessoas mais influentes do mercado esportivo americano Randy Freer e Eric Shanks, presidentes, respectivamente, do Grupo Fox e do Fox Sports. Os dois foram eleitos como personalidades que mais poder exercem sobre o futuro do esporte nos EUA neste último ano. Em terceiro lugar do ranking está o presidente da ESPN por lá, John Skipper.
A presença de personalidades da mídia na liderança dessa lista não é novidade. Desde 2004, quando ela foi criada, diversos membros de diferentes veículos de comunicação estiveram no topo. A TV é, em todo mercado em que o esporte esteja mais ou menos evoluído no esporte como negócio, a principal financiadora e, logicamente, maior meio de divulgação e massificação do esporte.
Mas a diferença básica desse ranking é que ele mostra que, no mesmo nível de competitividade em influência da mídia nos Estados Unidos estão as entidades esportivas. O vice-líder este ano da Sports Business Journal é Roger Goodell, manda-chuva da NFL. Em quarto lugar estão David Stern e Adam Silver, da NBA, e em quinto Bud Selig, da MLB, a liga de beisebol.
Esse é o grande abismo que existe entre o esporte nos EUA e no Brasil. Por lá, o negócio se tornou muito maior porque quem está no comando das entidades esportivas são pessoas que têm compromisso em rentabilizar o negócio, atrair mais torcedores e, claro, gerar maior entretenimento a partir do evento.
Por aqui, a balança do profissionalismo pende muito mais para os detentores dos direitos de transmissão. A influência não está apenas no dinheiro, mas também no grau de conhecimento técnico para negociações. Se, lá, as ligas forçam ao máximo para ganhar mais verba e exposição da TV, por aqui aceita-se o dinheiro que se tem a oferecer e não se consegue impor as regras do jogo. Fala mais quem paga mais.
Se houvesse um ranking das personalidades mais influentes do mercado esportivo no Brasil, provavelmente os cinco primeiros lugares teriam executivos de televisão. Se não todos os postos, mas a maioria deles estaria com a mídia.
A balança precisa, urgentemente, ficar mais equilibrada. Não há nada de errado em a TV ser forte. Pelo contrário. Ela é quem traz muito dinheiro e promove grande exposição para um esporte. Só que ela não pode, como acontece no Brasil, ser quem determina o que é visto e quando é visto na telinha.
Afinal, isso faz com que ela não seja apenas influente, mas também a principal dona do negócio…