Futebol atrai patrocínio de segmentos específicos
Erich Beting
O futebol no Brasil assistiu, nos últimos anos, a um fenômeno que costuma acontecer com frequência no exterior e que, de uma forma ou de outra, revela um amadurecimento do mercado de patrocínio. Na última quarta-feira foi anunciado o patrocínio da rede de idiomas CNA ao time do Santos (detalhes aqui). O negócio coloca mais uma marca do segmento no patrocínio a clubes de futebol em São Paulo.
Está longe de ser ''coincidência'' essa movimentação das empresas do mesmo segmento em torno de um mesmo tipo de propriedade a ser patrocinada. Quando a Fisk fechou com o Corinthians, lá em 2011, deu início a uma movimentação das escolas de idioma em torno do futebol. No ano seguinte, a Wizard assinou com o São Paulo. Em 2013, a Minds esteve na camisa do Santos. Agora, a empresa foi para o Palmeiras, e o clube litorâneo fechou com a CNA.
Um movimento similar, mas com outros patamares de investimento, já havia acontecido na área dos planos de saúde, com a Liberty na Copa do Mundo, a Seguros Unimed na seleção e a Allianz no naming right do novo estádio do Palmeiras, nos três investimentos mais significativos desse setor.
No Brasil, o futebol, pela força de mídia que possui, consegue esse tipo de fenômeno. Quando uma marca de um segmento específico entra num patrocínio da modalidade, acaba tendo um aumento substancial de exposição em relação aos concorrentes. Com isso, as marcas rivais começam a se mobilizar para ter um alcance similar e, assim, não ficar para trás.
O grande ponto, porém, é que, do jeito que estão os valores de patrocínio ao futebol no Brasil, é cada vez mais raro encontrar um segmento novo que possa ser explorado pelos clubes em busca de um aporte substancial de grana. O caminho para ser trabalhado é promover a volta das empresas de eletroeletrônicos e as montadoras de automóveis, grandes patrocinadoras do futebol no exterior mas que, por aqui, têm ficado à margem dos clubes. Para isso acontecer, porém, é preciso convencer essas empresas de que é seguro e dá retorno investir nos clubes. Por que as experiências recentes mostram exatamente o contrário…