A tréplica do “chute no traseiro” de Valcke
Erich Beting
Os olhos da mídia – esportiva ou não – estão voltados nesta terça-feira para o Costão do Santinho, em Florianópolis, onde acontece um importante julgamento sobre a Copa do Mundo de 2014. A quatro meses do evento, vamos saber o que a dona dele acha sobre uma das praças escolhidas para abrigar parte do show. É hoje que muito possivelmente sai a decisão sobre o futuro de Curitiba como sede do Mundial.
Hoje sim ou hoje não?
A cozinhada sobre a até agora mais problemática de algumas problemáticas sedes da Copa do Mundo da Fifa, mas que acontece no Brasil, não deixa de ser uma espécie de tréplica de Jérôme Valcke, o principal elo entre a entidade e o país da Copa, à polêmica de meses atrás sobre o ''chute no traseiro'' que o dirigente afirmou que precisava ser dado no Brasil.
Valcke estava coberto de razão quando exigiu de nós mais agilidade em tratar das questões relativas à Copa. Com certeza não se expressou da melhor maneira possível, mas o alerta dado por ele deveria ter ecoado melhor do que a levantada de bandeira típica do brasileiro de que ''só nós estamos capacitados para falar mal de nós mesmos''.
Agora, o possível vexame ligado a Curitiba é, também, uma excelente forma de Valcke comprovar que era preciso um chute no traseiro e que, vergonhosamente, o Brasil não soube se adequar corretamente ao nível de exigência de um evento como a Copa do Mundo.
Com certeza vai dar um pouco de trabalho para a entidade realocar quatro partidas nos outros estádios. Como já foi em outros Mundiais, com mudanças de sedes ao longo do período pré-Copa. Mas o prejuízo será bem maior para a imagem do país que rejeitou o ''chute no traseiro'' por acreditar que quem entende mais de se preparar para uma Copa é quem recebe o evento, e não quem é o dono…
No fundo, o debate sobre Curitiba não deixa de ser uma possível forma de Valcke dar, elegantemente, um belo de um chute no traseiro na arrogância do Brasil em achar que faríamos tudo às mil maravilhas em relação à Copa. Sim, a Fifa tem diversos erros, entre eles a arrogância. Mas, naquele contexto, as críticas que foram feitas ao Brasil tinham todo sentido.
O caso de Curitiba é só a comprovação da tese que Valcke tentou levantar naquela ocasião…