A Globo finalmente se mexeu. Será que isso é bom?
Erich Beting
Demorou, mas finalmente a TV Globo percebeu que a estratégia do “quanto pior, melhor” não pode funcionar para o futebol brasileiro. Há cinco anos que a emissora meio que fica só de canto, olhando o circo pegar fogo e os clubes se desunirem como nunca.
Agora, constatou-se o óbvio: se o futebol continuar desunido, será cada vez menos um bom produto.
No domingo, a Globo teve, no Rio e em São Paulo, o pior índice de audiência do ano (detalhes aqui e aqui). Nada anormal, não fosse o fato de os índices negativos terem sido com Corinthians e Flamengo, seus dois maiores clientes, na transmissão ao vivo!
O fundo do poço era uma crônica anunciada (e quem lê o blog sabe que desde 2010 que se bate nessa tecla).
A vaidade de se autodenominar como “mais valioso” fez os clubes deixaram de lado o que realmente faz deles objetos de valor, que é a construção de um campeonato emocionante e de alto nível técnico. Time de futebol só pode ser rival dentro de campo. Fora dele, os dirigentes precisam engolir vaidades e entender que trabalham para algo maior, que é o campeonato que disputam.
Com o efeito de ressaca pós-Copa, o baque começa a preocupar. Nunca o público deixou tão claro que anseia por mudança. Por isso o movimento da Globo não é apenas simbólico. Ele pode representar de fato uma boa mudança para o futebol.
O grande problema é que, mais uma vez, o sentimento de que as coisas têm de melhorar veio de fora para dentro. Não foram os próprios clubes que perceberam a necessidade de se articular e discutir melhorias para o futebol. Pior que isso, a origem do clamor por mudança é de quem tem todos os times na mão pelo poder econômico.
O futuro continua a ser uma grande incógnita…