Rio-2016 faz surgir “poder paralelo” no esporte olímpico
Erich Beting
Na próxima semana, a cidade de São Paulo receberá dois grandes lançamentos para o mercado de investimento na formação de atletas relacionado aos Jogos Olímpicos.
Na terça-feira será colocado em prática o Movimento Live Wright, em homenagem ao empresário Roger Ian Wright, morto há dois anos num acidente aéreo, para fomentar o desenvolvimento do esporte no país a partir de centros de formação e treinamento. No sábado, o Grupo Lide, comandado pelo empresário João Dória Jr., vai anunciar a criação do seu braço de esporte, dentro de um projeto social que engloba o investimento na formação de atletas.
Nos dois casos, a ideia é fazer com que o surgimento de novos atletas não dependa da atuação do Comitê Olímpico Brasileiro. Esse talvez seja hoje um dos primeiros reflexos da mudança no desenvolvimento do esporte no país. Com mais gente interessada em investir por conta dos Jogos de 2016, surgem projetos que já não cabem nos braços do COB, anteriormente uma espécie de parada obrigatória para quem quisesse investir no esporte no Brasil.
O movimento, inclusive, incomoda Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB. Tanto que, no sábado, não haverá nenhum representante do comitê no evento do Lide Esporte, mesmo com o nome de Nuzman tendo sido anunciado como palestrante em alguns convites. Pelo contrário, alguns desafetos declarados do dirigente, como Joaquim Cruz e Paula, do basquete, participarão dos debates no fórum.
O ''poder paralelo'' começou a surgir, após quase duas décadas de soberania do COB em tudo o que dizia respeito a investimento nas modalidades olímpicas. Sinal de que os tempos estão mudando. Os maiores beneficiados, sem dúvida, passarão a ser os atletas, que terão mais oportunidades para se desenvolver. Demorou, mas a iniciativa privada finalmente enxerga o esporte como um todo como uma plataforma de investimento.