Negócios do Esporte

O UFC indica o caminho a ser seguido pelo esporte
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Erich Beting

O sucesso que transforma cada vez mais o UFC numa realidade dentro do mercado brasileiro mostra o caminho a ser seguido pelo esporte no Brasil se quiser ganhar espaço mesmo com o domínio absoluto do futebol na preferência nacional.

Neste próximo final de semana será possível assistir à estreia das lutas na Globo, emissora com maior alcance e audiência do país. A ida do UFC para a telinha global é uma vitória do modelo de negócios proposto pelos americanos desde que assumiram a gestão do antigo Pride.

O sucesso do UFC é a essência de como o esporte tem de ser gerenciado pensando no entretenimento do público. A competição dentro de campo, do ringue, da quadra ou da piscina é o grande atrativo, sem dúvida, mas tudo tem de girar em torno do torcedor.

Quem banca toda a estrutura de sucesso de uma liga esportiva (e o UFC é exatamente a aplicação do conceito de liga no segmento de lutas) é o consumidor, tanto que para ele tem de ser dirigido todo o pensamento na organização do esporte.

Uma das chaves para o UFC ter espaço na TV aberta é, sem dúvida, o fato de não concorrer no horário com o futebol. Claro que ajuda, e muito, ter a diferença por conta do fuso horário americano, onde acontece a maioria dos combates, mas também é essencial saber que não é possível brigar com quem é maior.

O modelo americano de gestão do esporte pensa, prioritariamente, em três pilares básicos de sustentação de uma modalidade: divulgação na mídia, o consumidor e a disputa equilibrada para deixar uma competição acirrada e, assim, atrativa para todos.

O UFC é a essência desse modelo. Sempre é criada uma grande história em torno de uma luta, ajudando a promover os lutadores e o interesse do público. Com isso, no dia da disputa, o torcedor não vê outra alternativa a não ser acompanhar a luta.

Por aqui, o conceito de promoção de uma competição esportiva ainda está muito longe do ideal. Com algumas boas exceções (o basquete, com a criação do NBB, passou a pensar muito nessa questão), são raros os casos de ações promocionais eficientes para divulgar um evento.

Para complicar ainda mais essa história, geralmente não nos preocupamos em ver a mídia como uma parceira de transmissão, atendo-se apenas ao quanto ela pode pagar pelo evento, mas não na entrega que é oferecida para aumentar a promoção da modalidade e da competição em si.

Os gestores de clubes e entidades esportivas precisam, cada vez mais, olhar para o UFC sem ver a luta, mas atendo-se a todo o processo de divulgação que cerca um embate da categoria. É o melhor exemplo que temos hoje de como o esporte pode crescer se souber olhar para o entretenimento.


O futebol chega a valores “impagáveis”
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Erich Beting

A Adidas negocia com o Flamengo um contrato de R$ 35 milhões ao ano, entre o pagamento em dinheiro e o fornecimento de produtos. A Nike fecha com o Inter por R$ 8 milhões anuais, também nos moldes de grana e uniformes.

Os dois valores mostram que o futebol brasileiro chegou, finalmente, a valores que são fora de uma realidade de mercado. Assim como acontece na Europa e em outros esportes nos Estados Unidos, como a NFL, o futebol no Brasil está começando a custar muito mais do que realmente ele tem de valor.

Parece difícil entender a lógica, mas esse raciocínio é o que melhor explica a força que o futebol tem para as marcas que estão a ele atreladas. Pensando exclusivamente no negócio, Adidas e Nike deverão perder dinheiro com esses dois acordos (o da Adidas com o Fla ainda está em fase de negociação). Mas, para as marcas, é importante conseguir esse tipo de acordo.

Nos próximos anos, vamos assistir a uma série de novos negócios de patrocínio no futebol, a maioria deles em valores muito acima do que antes era costume se pagar.

Vários fatores explicam essa mudança de patamar do futebol.

O primeiro deles é o aumento do interesse das empresas em investir na modalidade. Com mais dinheiro em caixa, há mais companhias dispostas a bancar valores mais altos dentro dos clubes. E quem puxa a fila, nesse sentido, são as fornecedoras de material esportivo. O aumento do consumo dentro do Brasil faz com que haja mais dinheiro e maior venda de produtos dos clubes.  Como o negócio das fabricantes está ligado diretamente à venda de camisas, são elas as primeiras a pagar mais para os clubes.

Além disso, com mais empresas interessadas em patrocinar, os clubes conseguem forçar a barra na negociação, aumentando os valores. Soma-se a esse cenário um aumento da receita em caixa dos próprios times brasileiros, principalmente por conta do novo acordo de TV. O poder de barganha fica cada vez maior e, assim, mais dinheiro é preciso desembolsar pelas empresas.

Mas por que uma marca decide patrocinar um clube mesmo sabendo que aquele valor que lhe é cobrado não se paga?

Aí entra a velha discussão sobre a reserva de mercado. Uma marca não pode dar brecha ao concorrente. Para não deixar a propriedade patrocinada cair na mão do rival, ela paga um valor superior, só para ter a garantia de que não verá o concorrente beneficiado pela associação com o esporte.

A tendência é que, nos próximos anos, o futebol puxe a fila. As camisas dos principais times do país voltarão a ter apenas um patrocinador (e que pagará dezenas de milhões pelo espaço no uniforme!), os contratos dos fornecedores serão supervalorizados e jorrará dinheiro dentro dos clubes.

Tanta movimentação de dinheiro leva, necessariamente, a um novo patamar de gestão dos clubes. É esse o maior benefício de longo prazo que o futebol terá com essa evolução nos valores de patrocínio.


O balanço do Pan na Record – parte final
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Erich Beting

Para encerrar a análise das transmissões do Pan pela Record, chegamos por fim à análise mais técnica das transmissões, que é a pergunta que geralmente costumo fazer a meus alunos nos cursos de marketing esportivo.

Como gestor do evento, o que você achou?

Essa é a parte mais complicada para analisarmos, que é nos colocarmos na posição de quem precisa dar maior exposição ao evento, aos patrocinadores, aos atletas e passar uma boa imagem para o público que não está presente ao local de competição.

E é aí que fica, para mim, o ponto mais negativo da transmissão do Pan. Caso eu estivesse na posição de diretor de marketing da Odepa, possivelmente teria ficado com uma pulga atrás da orelha por saber que a Record já tem assegurados os direitos exclusivos de transmissão dos Pans de 2015 e 2019.

Não que eu desconfie da qualidade da emissora, mas a impressão é de que houve pouco esforço em divulgar, de fato, que o evento era exibido por ela. Para que o evento tenha sucesso na TV, ele precisa de divulgação. Há muito tempo a Record tem um programa diário de dois a três minutos com curiosidades sobre o Pan e as Olimpíadas. É muito pouco, porém, para quem é o detentor exclusivo para a televisão da transmissão desse evento.

Para comparar com algo que sempre discutimos no blog, faltou à Record a ativação da propriedade que ela detinha.

Apenas na semana anterior ao Pan começamos a ver matérias mais frequentes na grade da emissora sobre o evento. Da mesma forma, alguns anúncios em outros veículos de mídia começaram a pipocar só nessa época. É muito pouco, ainda mais pelo desafio que havia de tirar uma cultura genuinamente brasileira de associar transmissão esportiva com a Globo.

É muita ingenuidade da emissora acreditar que os canais concorrentes dariam ênfase para a competição e que isso levaria naturalmente o consumidor para lá. Nenhum canal no Brasil, seja na TV aberta ou fechada, tem o costume de cobrir o esporte com função exclusivamente jornalística. O interesse comercial existe e é determinante para que uma cobertura tenha maior ou menor exposição na grade da TV.

Não é a Globo a vilã dessa história. As redes públicas de TV, o SBT, a RedeTV!, a Band e todos os outros canais (abertos e fechados) deram para o Pan a mesma relevância que a Record daria se não detivesse os direitos de transmitir o evento. Só se falou dele quando havia algo a ser contado. Uma medalha brasileira, o panorama do quadro de medalhas. E só.

Não tinha sentido deslocar equipe de reportagem e fazer uma cobertura diária da competição se eu não tenho os direitos de transmitir esse evento. Isso só acontece, de fato, na Copa do Mundo. E, quase sempre, é apenas uma equipe formada por câmera e repórter que se desloca até o local do evento.

Nesse cenário, a Record tinha, necessariamente, de investir muito dinheiro num plano de divulgação do Pan. Principalmente porque ela tinha de aumentar a audiência para ela, para os seus patrocinadores e, também, para agradar o dono do evento. E isso incluía a compra de espaço na mídia em outros veículos não-concorrentes, como sites, jornais e revistas.

Se a ideia era o Pan impulsionar a audiência da emissora, era preciso buscar esse consumidor que estava fora da Record. Esperar a mídia espontânea dos demais veículos era muita pretensão, especialmente porque a competição não é um evento de primeira grandeza no segmento esportivo.

Isso não significa, porém, que a aposta da Odepa foi ruim. É bem provável que em 2015 já tenhamos um outro cenário, impulsionado pela manutenção dos direitos na mão da Record e pelo evento ser antes dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Além disso, como primeira experiência a emissora mostrou que é capaz de corrigir o rumo do barco no meio do caminho.

Quem tem de ficar de olho é o Comitê Olímpico Internacional. O Pan serviu para ensinar algumas lições de como aperfeiçoar a entrega para os Jogos Olímpicos de Londres. Afinal, em 2012, o Brasil não conseguirá obter o mesmo bom desempenho de agora. Se a transmissão da TV aberta for calcada no Brasil que dá certo, teremos a impressão de que só haverá vôlei e natação em Londres. E isso é algo que o COI não quer de jeito nenhum.

O primeiro desafio foi cumprido. Resta trabalhar, agora, para ter ainda mais sucesso em 2015. A melhor notícia para a Odepa é que, em se tratando de Pan, por mais oito anos a Record vai investir maciçamente na divulgação do único evento esportivo sobre o qual detém exclusividade na transmissão. Pelo menos ficou claro que é isso que ela tem de fazer.

 


O balanço do Pan na Record – parte II
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Erich Beting

Dando sequência ao balanção das transmissões do Pan na Record, hoje abordamos o ponto de vista do consumidor. Será que apenas a emissora ter sido a detentora dos direitos de exibir a competição foi bom para ele?

A meu ver, o saldo não foi tão favorável assim. Claramente a falta de maior experiência da Record na transmissão pesou, e tivemos de engolir alguns sapos, especialmente nos primeiros dias de transmissões.

Começamos o Pan em meio a um ufanismo que tentasse justificar o slogan “Está com a Record, está com o Brasil”, utilizado em toda a cobertura do evento. Isso causou algumas aberrações durante as transmissões, além de uma tentativa de manipular a informação, com a exibição de reprises como se fossem eventos ao vivo para “manter a emoção”, tática que desde os anos 80 é facilmente desmascarada e condenada pelo consumidor.

Pelo menos esse cenário durou apenas alguns dias da primeira semana de transmissão. Depois disso, as narrações ficaram menos ufanistas e um pouco mais informativas, e toda vez que tínhamos uma imagem gravada sendo exibida, o narrador informava imediatamente ao telespectador.

O maior problema, porém, foi que o Pan teve, efetivamente, muito pouco de informação esportiva. A transmissão do evento foi muito mais uma espécie de reprodução apenas do “Brasil que dá certo”, sem retratar o que de fato vinha acontecendo nas disputas. Até mesmo alguns fiascos nacionais eram relegados a segundo plano para mostrar aquilo que daria uma medalha verde e amarela. Reprises de ginástica artística tornaram-se o hit dos primeiros dias, numa tentativa de ser o novo “curling”, esporte que ganhou fama nos Jogos de Inverno do ano passado.

Mas acontece que o Pan tem muito mais Brasil em disputa e, mais do que isso, uma série de modalidades que são próximas do cotidiano do torcedor. Sendo assim, foi um absurdo ter de engolir as reprises da ginástica apenas porque os índices de audiência estavam sendo mantidos nas alturas.

No final das contas, quem viu o evento pela Record ficou com a impressão de que só o Brasil competia. Os ouros dos americanos, por exemplo, passaram desapercebidos para quem só tinha a TV aberta como opção. Foi até difícil entender como os americanos tiveram mais de cem conquistas ao longo da competição, já que em raras exceções vimos uma vitória dos EUA na TV aberta.

Mas esse é um “mal” causado pelo formato de transmissão na TV aberta. Acostumamos a mostrar não mais o evento, mas apenas o desempenho brasileiro na competição. Esse é o maior problema que há para quem não tem o canal a cabo à disposição. Sim, uma grade de TV aberta tem de ser preenchida pelos mais diferentes programas, atendendo aos diferentes perfis de públicos que passam por ela.

Só que uma das grandes críticas que fazemos à Globo é exatamente por manipular as transmissões esportivas apenas para atender a seus interesses. Ficou claro que, infelizmente, o “padrão Globo de qualidade” também foi adotado pela Record. Poderíamos ter uma excelente oportunidade para desenvolvermos ainda mais uma cultura esportiva na população, mas novamente confundimos evento esportivo com o Brasil que ganha, de olho apenas na audiência e não no compromisso com a informação.

Tivemos também coisas boas durante as transmissões. As narrações foram, aos poucos, tornando-se menos ufanistas e mais realistas, atingindo um ponto de equilíbrio que, se repetido em Londres-2012, será excelente. Da mesma forma, pudemos, enquanto consumidores, ter a liberdade de poder comparar o trabalho de um canal com outro, o que já é um enorme avanço.

Sim, a Globo ainda é soberana no quesito qualidade de transmissão de evento. Mas foi bom poder ter tido essa certeza tendo outra alternativa para acompanhar na telinha.

Amanhã vamos debater aqui a questão que considero o exercício mais difícil de ser feito na hora de mensurar o retorno da transmissão de um evento esportivo. Vamos nos colocar na posição de diretores de marketing da Odepa. E aí, será que foi positivo termos apostado na Record?


O balanço do Pan na Record – parte I
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Erich Beting

Foram 15 dias intensos na programação da Record, com o primeiro evento esportivo de relativo peso exclusivo para a emissora. E qual o balanço que se pode fazer do Pan que acabou ontem para o mercado dos direitos de transmissão no Brasil?

É complicado analisar sob qualquer ótica, ainda mais num país acostumado, há pelo menos 15 anos, a um duopólio nos direitos dos principais eventos esportivos. Foi a primeira vez que um evento que tinha o Brasil competindo com boas chances de vitória (foram quase 50 ouros) não contou com a transmissão da Globo ou do dueto Globo-Band. Por isso mesmo temos de separar, e muito, essa análise da transmissão do Pan.

Farei pelos próximos três dias uma análise de três diferentes aspectos na transmissão do Pan. Coisas que percebi acompanhando o evento pela TV e que vão além da visão de apenas um consumidor da informação.

Quando falamos em exibição pela TV de um evento esportivo, necessariamente existem três partes envolvidas: o detentor do direito de transmissão, o consumidor e o dono do evento.

Hoje falaremos sobre a Record, que teve a responsabilidade de ser a única emissora de TV com os direitos de exibição do Pan. Para ela, o saldo do evento foi espetacular. Algumas transmissões chegaram a render, em alguns momentos, a liderança na audiência, contrariando algumas previsões de que não seria possível bater a soberania da Globo. Logicamente que o fuso horário ajudou, com a maioria das competições acontecendo no final da noite, no término do horário nobre, em que a Globo lidera com folga a audiência.

Além disso, o Pan foi lucrativo para a Record. Todas as cotas de patrocínio foram vendidas, gerando algumas dezenas de milhões de reais em faturamento. O sucesso comercial do evento representou também um aumento de expectativa em relação ao quanto a emissora poderá faturar com a exclusividade na TV aberta dos Jogos Olímpicos de Londres do ano que vem.

Por fim, o aspecto mais interessante para a emissora com o Pan foi também a aproximação da Record de um novo público. Segundo a medição do Ibope da audiência do evento, houve uma procura maior de espectadores das classes A e B pelo canal. Essa talvez tenha sido a maior vitória da emissora ao ter a exclusividade do Pan, já que a Record tem a maior faixa de consumidores inseridos na classe C.

Essa atração de um novo consumidor ficou clara durante as transmissões, quando os narradores anunciavam a grade de programação regular da emissora, na tentativa de fazer com que ele começasse a se acostumar ao canal, o que pode representar um aumento de audiência no longo prazo.

No final das contas, o Pan acabou sendo um bom negócio em todos os sentidos para a Record. A emissora conseguiu ter superávit na operação e, mais importante, trouxe para dentro do canal um novo tipo de público.

Amanhã falaremos sobre o Pan do ponto de vista do consumidor. Será que o fim do duopólio das transmissões foi benéfico para quem esteve sentado em frente à TV?


A necessidade de a marca ter atitude para o consumidor
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Erich Beting

Como fazer com que um consumidor decida por uma marca em detrimento de outra na hora da compra? Com o mercado cada vez mais nivelado e igualado entre os concorrentes, a necessidade para uma empresa é fazer com que sua marca tenha uma atitude que gere no consumidor o desejo de tê-la sempre perto.

Esse cenário faz com que o esporte seja cada vez mais atrativo para uma marca se aproximar do consumidor. Como mostra a ação feita pela marca de água francesa Contrex no vídeo abaixo. Como você vai vender água se não for pelo que a marca pode representar para o consumidor? Como sempre, de uma ideia simples surge um resultado muitas vezes surpreendente.


A difícil tarefa de Aldo Rebelo
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Erich Beting

Aldo Rebelo assumirá a bronca de ser o novo ministro do Esporte. Não bastará a ele ser honesto. Terá de parecer honesto. E aí está o maior desafio que o novo ministro tem pela frente.

Não é apenas a cabeça da Pasta que estava errada. Orlando Silva Junior caiu porque era a frente do negócio. Só que o caso mostrou mais uma vez que a corrupção, infelizmente, está enraizada não apenas no Esporte, mas em toda a sociedade.

Esse é o ponto maior que o novo ministro precisa combater. Não é pela honra do PC do B ou de Orlando Silva Junior que Aldo Rebelo terá de ser um bom gestor da Pasta de Esporte.

O partido que ele defende é o Brasil, e nenhum outro.

E esse talvez seja o grande enrosco do novo ministro. Aldo Rebelo é do Partidão. Defende, e muito, o PC do B. Tanto que sua nomeação mostra claramente que ele é o bombeiro da sucessão de Orlando Silva Junior.

O PC do B precisa de alguém que seja a imagem do partido e que tenha tido uma relação histórica com o esporte. Aldo é essa figura.

Mas o Brasil não precisa de alguém que represente um partido, e sim um projeto. E essa é a tarefa que Aldo Rebelo tem pela frente. Seu ministério precisa ser limpo, transparente e, sobretudo, brasileiro. Não é pedir demais. É apenas o que deveríamos esperar e cobrar dos governantes.

Para isso teremos de fazer uma revisão dos últimos 100 anos de história política do Brasil.


PC do B usa TV para defender ministro
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Erich Beting

O PC do B, partido do Ministro do Esporte, Orlando Silva Junior, decidiu invadir a televisão para tentar defender o político das acusações que tem sofrido nos últimos dias.

Em Brasília, o partido usou o espaço a que tinha direito na TV Globo para fazer uma defesa pública a Silva Junior. O ministro inclusive é um dos que aparecem nas peças, que contam com outras figuras do partido para lembrar da história de luta e transparência do partido.

A atitude de Silva Junior e do PC do B, porém, é restrita ainda à televisão do Distrito Federal. As peças têm como objetivo reforçar a inocência do ministro nas acusações e, também, tentam desqualificar o policial militar João Dias, autor das primeiras acusações contra Silva Junior publicadas na ''Veja''.

A campanha publicitária faz parte da estratégia armada por Silva Junior e pelo PC do B para mudar sua imagem e tentar derrubar as acusações que são feitas contra ele. O ministro também tem usado mais sua conta no Twitter para conseguir expor seu ponto de vista e também se defender.

O problema é continuar a defesa com uma nova acusação por dia aparecendo na imprensa…


A mudança de imagem de Ronaldo
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Erich Beting

“Acabou de chegar mais um louco para o Bando de Loucos”. Talvez o então atacante Ronaldo não pudesse imaginar o quão profética seria essa sua frase proferida lá em dezembro de 2008, quando dessa forma ele encerrou o “Jornal Nacional” confirmando o acerto com o Corinthians para defender o clube paulista.

Maior artilheiro de Copas do Mundo, campeão e protagonista do Mundial de 2002, um ídolo genuinamente brasileiro. Tudo isso cercava a imagem de Ronaldo em 2008, quando nem mesmo o episódio envolvendo-o com três travestis foi capaz de manchar uma imagem cercada de vitórias e derrotas que sempre pareceram acachapantes.

Não à toa que Ronaldo era o rosto mais significativo da campanha “Sou brasileiro e não desisto nunca” lançada pelo governo Lula em 2003 para mudar a imagem do país para o próprio brasileiro. Esse mesmo Ronaldo, um cara absolutamente nacional em termos de exposição, de alcance de imagem, de ligação com o torcedor, era o que desembarcava em dezembro 2008 para a aventura corintiana.

Três anos e alguns (muitos) quilos depois – e quem é que liga hoje para o peso dele? –, Ronaldo é muito menos do Brasil para ser muito mais do Corinthians. Ele não defende mais o clube dentro de campo, mas aos poucos se tornou um embaixador alvinegro no país.

Tanto que, semana passada, era ele quem estava ali no estádio do Corinthians, ratificado como palco de abertura da Copa do Mundo de 2014. Não era o Ronaldo Nazário do Brasil, mas o Ronaldo do Bando de Loucos. O cara que passou a ser alvinegro de corpo, alma e camisa.

O Ronaldo que, dia desses, postou no Twitter que passaria em breve o resultado de uma ação promocional da Claro, a patrocinadora de seu perfil no microblog. E que ouviu de resposta do botafoguense Helio de La Peña: “O resultado nós já sabemos! Foi 2 a 0. Foooogo”. Era mais uma piada do Casseta, mas que reflete exatamente como, hoje, Ronaldo não é mais do Brasil. Sim, os corintianos dirão que basta o Timão para ele. E, sem dúvida, o tamanho do alvinegro é grande o bastante para gerar emprego e negócios para muitos atletas. Mas não para Ronaldo.

É inconcebível que o cara que melhor representou o time brasileiro depois de Pelé (Romário é o terceiro nessa lista) não esteja nacionalmente ligado à Copa do Mundo. Em São Paulo, Ronaldo está ligado até demais, emprestando seu prestígio e sua marca para o polêmico Itaquerão. Pode até ser uma forma de retribuir a aposta feita pelo Corinthians em 2008, quando muitos já consideravam que o destino de Ronaldo, mais uma vez, estava selado.

Mas Ronaldo é muito maior do que isso. Tanto que, em meio ano de atuação dentro de sua agência de marketing esportivo, conseguiu alavancar quase uma dezena de clientes. Um fenômeno jamais visto na indústria do esporte e dificilmente alcançado por outras marcas em diferentes segmentos de mercado, ainda mais no ramo do entretenimento.

Seria uma boa para Ronaldo, hoje, repensar de que forma a sua imagem tem sido percebida pelos torcedores. Desde 1996, quando foi eleito pela primeira vez o melhor jogador do mundo, Ronaldo tinha um dos menores índices de rejeição no mercado, tanto que sempre foi a aposta número 1 para as empresas anunciarem.

Hoje, mesmo aposentado, ele teria o potencial de endossar campanhas de diversas empresas, tal qual acontece com Pelé. Mas, pelo menos num primeiro momento, claramente os garotos-propagandas preferidos do esporte são Neymar e Anderson Silva.

Seria interssante que Ronaldo procurasse contratar a mesma agência desses dois atletas para fazer um trabalho de reposicionamento de marca para ele. Talvez seja só questão de conversar com o cara da mesa ao lado da dele…


Palmeiras, Lusa e a falta de gestão de eventos no país
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Erich Beting

O lamentável episódio envolvendo torcedores da Portuguesa e seguranças do Palmeiras escancara o quão despreparado estamos na gestão de eventos esportivos.

Não vou me ater aqui a quem tem ''culpa'' pelo início da confusão. Muito mais triste é saber que não aprendemos, especialmente quando o universo é o do futebol, o básico.

O estádio do Canindé estava alugado para o Palmeiras. Por que motivo haveria de um torcedor da Portuguesa estar presente no mesmo local? Sim, o estádio é da Lusa, mas, naquele dia e horário, ele pertencia ao Palmeiras.

A questão deveria ser simples assim. O dono do evento é o responsável por gerenciar absolutamente tudo o que se passa no local, enquanto quem fez a concessão do espaço faz as suas exigências.

Fazemos isso em aluguéis de imóveis, espaço para a realização de festas, até mesmo na churrasqueira do prédio. Mas, no futebol, ainda temos a mentalidade de que há sempre um ''dono'', que detém a posse sobre o lugar por merecimento.

Em Campinas, o time do Red Bull teve problemas com dirigentes da Ponte Preta por fazerem um copo plástico com o símbolo do rival Guarani no dia de jogo entre o Red Bull e o Guarani pelo Paulista da Série A-2. O local do jogo era o estádio Moisés Lucarelli, de propriedade da Ponte. Mas, no dia da partida, o dono do evento era o Red Bull, que pagou pelo aluguel do espaço.

Com a mudança de mentalidade na gestão de arenas que devemos assistir nos próximos anos, o futebol brasileiro precisará urgentemente aprender a gerenciar eventos. Do contrário, será difícil pensarmos em locais rentáveis para os donos dos estádios apenas com alguns poucos jogos de futebol para serem realizados.