Neymar turbina renovações no Santos
Erich Beting
O efeito do ''fico'' de Neymar já é claramente sentido no dia-a-dia do Santos. Depois de o clube anunciar a permanência do atacante, já foi renovado o contrato com o BMG, apalavrado o novo acordo com a Seara e praticamente certo o negócio com a CSU. No final das contas, o Santos deve chegar a R$ 35 milhões em patrocínio de camisa para a temporada de 2012.
O valor, recorde na história do clube, revela também um dos reflexos da permanência de Neymar na Vila Belmiro. Quando há o questionamento de o Santos ter aceitado deixar o atleta livre da multa rescisória ao término do contrato, em 2014, é preciso analisar diversos aspectos para se dizer se o negócio é bom ou ruim para o clube.
É ruim, sem dúvida, o Santos abrir mão da multa milionária, provavelmente, por todas as condições de mercado, a maior da história do futebol nacional se o negócio fosse concretizado.
Mas Neymar traz não apenas competitividade técnica ao Santos. O clube ganha não apenas dentro de campo, mas se fortalece fora dele também. Hoje o atacante é o maior garoto-propaganda do esporte brasileiro. As marcas que não conseguem estar atreladas a ele têm, no clube, um viés para se associar de maneira indireta ao sucesso do jogador.
Isso representa, para o Santos, um aumento de receita nos contratos de patrocínio. Da mesma forma, o clube ganha dinheiro diretamente com ele na composição do contrato de exploração de imagem. Na renovação com Neymar, acertou-se que o clube ficará com 10% dos acordos fechados, o que representa um ganho direto sobre o sucesso dele dentro e fora das quatro linhas.
Por fim, e só por fim, entra o intangível, que depende muito das estratégias de marketing que o Santos for lançar. Com Neymar, quantos torcedores o clube pode ganhar? Qual o aumento da receita de bilheteria que pode ter? E da venda de produtos oficiais? Tudo isso é intangível, na medida em que depende de um esforço conjunto de clube e atleta.
O primeiro reflexo do fico de Neymar é claro: o clube já ganha mais com patrocínios. Daqui para a frente, o Santos poderá ganhar muito mais do que os 50 milhões de euros de uma multa rescisória. Tudo dependerá do trabalho que será feito com o atleta e com a imagem do time.
Foi pensando assim que os clubes europeus tornaram-se potências globais. Por que um clube brasileiro não pode pensar dessa forma?