Negócios do Esporte

Arquivo : maio 2012

Decisão esportiva x decisão financeira
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Erich Beting

Esperei sair o resultado do primeiro jogo da final do Campeonato Paulista para poder emitir a opinião. Não falo, aqui, dos 3 a 0 do Santos sobre o Guarani, que praticamente sacramentaram o título paulista em favor do time do litoral pelo terceiro ano seguido.

A análise em questão é referente ao resultado financeiro da venda de ingressos para a partida, que foi realizada no estádio do Morumbi, em São Paulo, em vez do Brinco de Ouro da Princesa, em Campinas.

E o fato é que, só com a final do Paulista, o Guarani ganhou mais com a bilheteria do que havia arrecadado com todos os outros 11 jogos que fez em seu estádio na competição (leia os detalhes aqui).

Esse é um ponto importante que muita gente reclama quando se discute o esporte como um negócio. Para o torcedor, a decisão, sempre, é passional. Mas para o gestor, é preciso ter um equilíbrio entre a decisão esportiva e a financeira.

Para o Guarani, a presença na final do campeonato já é um grande trunfo. Esportivamente o clube já ganhou, e muito, chegando até lá. Além disso, houve uma possibilidade de ganho financeiro com a presença na final, que não seria tão potencializado caso a partida fosse disputada em seu estádio.

Para o próprio organizador do evento, a FPF, o estádio do Morumbi é um palco mais adequado para fazer a final. O estádio é maior e mais estruturado, permitindo dar uma entrega melhor a patrocinadores e parceiros comerciais, como a televisão, que tem condições de fazer uma melhor transmissão. Além, claro, de faturar mais com bilheteria, já que 5% da renda bruta do jogo fica com a entidade, graças ao regulamento assinado pelos clubes que concordam com o pedágio pago à entidade.

A decisão esportiva sempre tem de prevalecer sobre a decisão financeira. Mas, no caso da final do Paulista, esportivamente o Guarani já havia alcançado um enorme feito ao eliminar o maior rival e chegar à decisão do Estadual após mais de duas décadas. Nessas horas, o gestor também deve pensar na questão financeira. E o torcedor, claro, tem de agir com o coração. Tanto que o torcedor do Guarani ocupou boa parte do espaço no Morumbi no domingo.


Os legados dos megaeventos começam a aparecer
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Erich Beting

Aos poucos começamos a perceber, em alguns pequenos exemplos, que já começa a existir um legado esportivo para o Brasil por conta da realização de Copa do Mundo e Jogos Olímpicos no país.

Mais um exemplo foi dado nesta sexta-feira, com a reinauguração do ginásio do clube de atletismo BM&F/Bovespa, em São Caetano do Sul, São Paulo.

A necessidade de revitalização de nossas praças esportivas não depende nada dos megaeventos. Pelo contrário, é uma obrigação para um país que trata com tanta importância a conquista de uma medalha e deveria ser uma prioridade se quiséssemos ser uma nação formadora de talentos para o esporte.

Obviamente que não tem sentido reclamar de quem tem investido, pelo contrário, é muito bom valorizar quem, na iniciativa privada, soube entender que de nada adianta termos os grandes eventos se não tivermos a matéria-prima para eles, que são os atletas.

E, como não poderia deixar de ser num país marcado pela falta de políticas públicas para o esporte, precisou partir da iniciativa privada os grandes projetos de infraestrutura voltados, principalmente, para os Jogos Olímpicos.

No ano passado foi o Pão de Açúcar que apresentou seu núcleo de alto rendimento, um complexo para qualquer atleta olímpico usar para testes de força, resistência, etc. Agora é a vez de a BM&F apresentar um ginásio para o atletismo.

Na falácia sobre legado que tanto o governo quanto o próprio Comitê Olímpico Brasileiro usaram para convencer o COI sobre o projeto olímpico do Rio-2016, não se falava em uso da iniciativa privada para construirmos o legado dos Jogos. Até agora, porém, o que se vê é que apenas as empresas têm investido nisso.


O marketing a favor da entidade esportiva
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Erich Beting

Quando se discute por aqui que o esporte no Brasil ainda não acordou para a necessidade de investir em marketing, chovem reclamações de torcedores e até mesmo de dirigentes querendo dizer que o seu clube já faz muita coisa para engajar o torcedor e fazê-lo participar ativamente do dia a dia do clube, aumentar o consumo, etc.

Pois bem. O que os clubes brasileiros que disputam as finais dos campeonatos estaduais estão promovendo nos dias que antecedem as partidas decisivas? Como eles têm trabalhado para fazer o torcedor desejar estar presente no estádio, torcer pelo time, consumir produtos novos, etc? O que os clubes de outras modalidades esportivas fazem para que a dependência do dinheiro de um único patrocinador seja menor?

O link ao final do texto é um clique obrigatório para quem acha que sabemos trabalhar o marketing em favor das entidades esportivas.

Ele descreve o trabalho feito pelo Manchester City nos últimos meses, com o intuito de trazer o torcedor para perto após a eliminação na Liga dos Campeões da Europa e na criação de uma história para manter acesa a chama e fazer o público acreditar no time na única competição que restava, que era o Campeonato Inglês (o City está próximo do título).

Por aqui, os clubes perdem tempo discutindo mando de campo, arbitragem e otras cositas más, em vez de mirar esforços no bem mais precioso, que é a paixão do torcedor.

Para quem quiser entender um pouco mais e ter uma ideia do que pode ser feito, é só clicar neste link.


Rubinho e o fator “casa” do ídolo no esporte
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Erich Beting

“As pessoas nos ligaram para perguntar se teríamos o camarote na Indy por causa da presença do Barrichello”. A frase é de Walter Malieni, diretor do Banco do Brasil, justificando o investimento da empresa num camarote na etapa do final de semana da Fórmula Indy.

Barrichello foi um ingrediente que temperou bastante a etapa paulistana da Indy, que pela primeira vez não teve a chuva como vilã e correu às mil maravilhas.

A equipe da Máquina do Esporte percorreu todos os camarotes da Indy e, neles, os patrocinadores sempre diziam que Barrichello chamava a atenção e permitia que os espaços ficassem com mais convidados na edição deste ano.

A presença de um ídolo em atuação no próprio país faz uma diferença tremenda para a promoção do esporte. Barrichello é um exemplo, assim como podemos elencar o fator Neymar para os jogos do Santos, ou ainda o quanto o vôlei ganhou pela permanência dos grandes astros no país atualmente.

O Brasil vive um momento especial para fazer com que o esporte como ferramenta de entretenimento cresça cada vez mais. Com a população endinheirada, sobra grana para investir em lazer. Com mais dinheiro na economia, sobra grana para as empresas investirem em ações de patrocínio. Com os megaeventos programados para acontecer no país, pelos próximos cinco anos teremos motivo para investir no esporte.

Rubinho foi mais um exemplo de como a presença do ídolo em atuação no seu próprio país pode ajudar a engajar o público a consumir o esporte. Quem precisa fazer a sua parte e tornar o evento mais atrativo é o gestor esportivo. O momento nunca foi tão propício para isso.