Negócios do Esporte

Arquivo : novembro 2013

Camisa amarela do Palmeiras acaba. E não deve ser reposta!
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Erich Beting

Em meio à polêmica sobre o uso de uma camisa muito similar à da seleção brasileira, Adidas e Palmeiras celebram o sucesso de vendas do modelo amarelo, lançado no jogo em que o clube comemorou a volta à Série A do Campeonato Brasileiro, contra o São Caetano, dia 26 de outubro.

Só que o estouro das vendas está próximo de causar um problema para a fabricante e o clube.

Em diferentes movimentos nas redes sociais, torcedores reclamam que não conseguem mais ter acesso ao modelo. Nas principais lojas de comércio eletrônico, apenas o tamanho P da camisa está disponível para adultos. Já no site oficial da Adidas, não há mais a camisa amarela à venda, apenas algumas modelagens infantis e feminina.

Oficialmente, a Adidas informa que o estoque de camisas acabou. A empresa diz que não há, por enquanto, previsão para que novas camisas sejam produzidas.

Procuradas pelo blog, duas marcas poderosas de e-commerce no mercado brasileiro confirmaram ao blog que solicitaram à empresa novas remessas do uniforme. Nos dois casos, a Adidas não informou se haverá mais camisas para serem vendidas.

O caso revela o quão amadora continua a relação do clube com o fornecimento de material esportivo para o mercado.

A menos de um mês do Natal, um produto é sucesso de vendas, a demanda pela compra continua a existir e simplesmente o fabricante não planeja colocar novamente o produto à venda. Nessa equação, fabricante, clube e torcida saem perdendo.

Se ainda estivéssemos no período em que Adam Smith escreveu “A Riqueza das Nações”, tal comportamento seria aceitável, apesar de já condenável por alguns olhares mais atentos do que foi o berço do capitalismo. Como já se vão 237 anos desde que Smith começou a lançar esse conceito, é um tanto quanto surreal acreditar que isso ainda exista. Ainda mais quando envolve a marca esportiva líder do mercado de futebol no mundo e o clube com a quarta maior torcida do país.

Como sempre falamos aqui no blog, há um problema grave na indústria do futebol brasileira de falta de conhecimento do mercado. Quem são, de fato, os consumidores de um clube? O quanto eles consomem? Em que épocas? A quais valores?

Essas respostas simplesmente não existem para um clube de futebol no país. Afinal, quanto dinheiro a Adidas e o Palmeiras deixam de ganhar por não ter o produto disponível para o consumidor? O sucesso das vendas é ótimo, sem qualquer dúvida. Mas o fracasso do planejamento da demanda de compra é muito mais assustador.

No Brasil, o fornecimento de material esportivo não é um negócio. A marca está num clube apenas para a exposição na camisa. O que os clubes ainda não perceberam é que isso é péssimo para eles.


Clubes enxugam ganhos em busca de renegociação de dívidas
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Erich Beting

A CBF decidiu iniciar um contra-ataque ao movimento Bom Senso FC e também iniciar uma tentativa de deixar mais suave o pagamento das dívidas que os clubes possuem. No último dia 24, a entidade publicou um relatório assinado pela “Comissão Especial dos Clubes de Futebol Brasileiros”, encabeçada por Atlético-MG, Corinthians, Coritiba, Flamengo, Internacional e Vitória.

O documento (disponível neste link) faz uma projeção sobre as receitas dos 24 principais clubes de futebol do país e propõe um reparcelamento das dívidas da seguinte forma: 5% até 2015; 25% até 2021; 30% até 2027 e os 40% restantes até 2034. Além de considerar o “enxuto” prazo de 20 anos para o pagamento dessas dívidas, os clubes fazem uma projeção ao mínimo curiosa de elevação de receitas para os próximos anos.

Segundo o estudo, a projeção baseia-se em estudo recém-divulgado pelo Itaú BBA tendo como base os balanços financeiros de diversos clubes do Brasil e da América Latina.

O curioso, porém, é a projeção de receita futura que o estudo faz.

O primeiro item engraçado é o quanto os clubes consideraram como “receita de TV” nesse levantamento. O valor é referente apenas ao contrato com a TV Globo relativo ao Campeonato Brasileiro, excluindo-se o dinheiro recebido das demais competições.

Mas consideremos, então, apenas a previsão de receita geral apresentada no estudo. Por ela, em 20 anos os clubes de maior arrecadação do país vão apenas conseguir dobrar o quanto arrecadam atualmente. Nem o mais pessimista dos gestores poderia fazer tal projeção. Só para se ter uma ideia, desde 2008 o futebol brasileiro aumentou em cerca de 80% a sua arrecadação, sendo que o Corinthians saltou de R$ 181 milhões para R$ 358 milhões num período de quatro anos, um dos maiores saltos ao lado do Santos.

Num cenário com abertura de novos estádios, fortalecimento dos programas de sócio-torcedor e profissionalização dos departamentos de marketing dos clubes, é simplesmente absurdo achar que serão necessários 20 anos para dobrar a arrecadação atual dos times brasileiros.

Detalhe importante do estudo revelado pela CBF é que ele justifica que é preciso deixar menos duro o plano de renegociação das dívidas dos clubes uma vez que a capacidade de geração de receitas é baixa perto da proposta já apresentada.

É a velha história. A interpretação dos números pode muitas vezes trabalhar em favor de quem detém a informação. Nesse caso, claramente os clubes, que quase sempre são os mais otimistas na previsão de receitas, tentam mostrar que o cenário do futebol nacional não é esse conto de fadas que se imagina.

Seria interessante observar quais números seriam apresentados se a proposta não fosse para pagamento de dívidas, mas para ter um sócio-investidor dentro do clube…

 


Com invasão ao Rio, Nike tenta escrever o futuro. Para 2016
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Erich Beting

O evento de lançamento da camisa da seleção brasileira promovido pela Nike no último domingo, no Rio de Janeiro, teve um objetivo além de simplesmente preparar o terreno para a Copa do Mundo. Não é à toa a escolha da empresa americana pela Cidade Maravilhosa para apresentar as novidades relacionadas à seleção desde o começo do ano, quando Copacabana já havia sido escolhida como cenário para apresentação da camisa do Brasil na Copa das Confederações.

Patrocinadora dos Jogos Olímpicos de 2016, a Nike já prepara, a dois anos e meio do evento, o terreno para dominar a sede do maior evento esportivo do mundo. A estratégia é exatamente para evitar o que a empresa se acostumou a fazer em outros megaeventos esportivos.

Desde 2000 a Nike sempre viu a Adidas ser a patrocinadora das edições de Copa do Mundo e Jogos Olímpicos. As Olimpíadas de Sydney, em 2000, foram o último evento em que a marca americana teve relação direta com o comitê local. Em 2016, ela voltará a patrocinar uma equipe olímpica.

Nos anos em que esteve “ausente” dos eventos como patrocinador oficial, a Nike sempre adotou uma estratégia de ganhar terreno sobre locais estratégicos da sede. A tática consiste em chegar ao local muito antes de qualquer concorrente e, a partir daí, fazer com que o público tenha a impressão de que ela é soberana sobre aquele território.

Agora, a estratégia de usar o Rio de Janeiro como palco para as grandes ações da marca tem como objetivo exatamente evitar que, em 2016, outras empresas do segmento possam fazer a festa na praia da Nike. O evento de lançamento da camisa da seleção para milhares de pessoas no Aterro do Flamengo tem como objetivo não apenas apresentar o uniforme do time anfitrião da Copa do Mundo de 2014, mas já deixar o território marcado para a sede das Olimpíadas de 2016.

A Nike já escreve, agora, o roteiro do que fará em 2016. E o Rio, nesse sentido, parece que já começa a ter um dono.

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A mesa não vira mais. Mas se virar…
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Erich Beting

A mesa não deve mais virar no futebol brasileiro. Lá em 2003, quando Palmeiras e Botafogo tentaram, mas não conseguiram virar o jogo para corrigirem na marra o que não souberam fazer dentro de campo no ano anterior, o futebol brasileiro parece que entendeu que não caberiam mais viradas de mesa.

Não cabe porque não é bom para o futebol. Hoje, uma derrubada à força de Criciúma, Ponte Preta e Portuguesa, como revelou a repórter Camila Mattoso no site da ESPN (leia aqui), seria um estúpido tiro no pé de quem tenta subverter a lógica da bola com a (i) lógica da lei.

Desde a estraçalhada de mesa do Fluminense, em 1996, complementada com o Caso Gama, em 1999, que o futebol entendeu que pior do que ser rebaixado é tentar mudar as regras no meio do caminho para se beneficiar de uma “não-queda”.

No atual cenário do futebol no Brasil, em que as marcas reduziram os investimentos por conta do alto preço que se paga pelo baixo retorno que se oferece, uma virada de mesa representaria jogar no lixo o restante de credibilidade que existe no futebol.

Para o mercado, a impressão que existe do futebol no Brasil é que hoje ele caminha da era amadora para uma era semiprofissional. Ou seja. Algumas, apenas algumas instituições começam a buscar um modelo gerencial mais profissionalizado, mas a grande maioria dos dirigentes e principais executivos segue com a mentalidade clubística, sem qualquer comprometimento com a gestão em si, apenas com o resultado esportivo. E a qualquer custo.

Virar a mesa é impensável nos dias de hoje pelo passado perverso que ela revelou após ser virada. A grande crise de investimentos em 2001 e 2002 no futebol do Brasil deixou claro que virar a mesa é um péssimo negócio. Mas, se os clubes decidirem virar a mesa, penarão pela próxima década tentando, de novo, recuperar uma imagem mais do que arranhada da confiabilidade de investir no futebol.

O futebol brasileiro não pode mais virar a mesa. Se sem ela já está mais difícil conseguir patrocínios, imagine depois?


A resposta da Sony
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Erich Beting

Patrocinadora da Copa do Mundo, a Sony respondeu a um post publicado aqui outro dia, com o título Em ação, Sony “dá” ingresso da Copa por R$ 13 mil. Como forma de manter sempre a transparência, publico aqui a resposta da empresa, que iniciou na semana passada a primeira ação promocional voltada para a Copa do Mundo do ano que vem.

Nota de esclarecimento

A Sony esclarece dois pontos no  texto “Em ação, Sony “dá” ingresso da Copa por R$ 13 mil”: em primeiro lugar, as aspas utilizadas no título do artigo induzem à errônea percepção de que a empresa cobra R$ 13 mil reais por um ingresso para um dos jogos da Copa. Na verdade, este é o valor da TV 4K, um produto inovador e de qualidade 4 vezes superior aos televisores Full HD, pelo qual o consumidor da Sony terá seguramente uma experiência única como telespectador. O ingresso para uma das partidas do torneio é um presente que, na qualidade de patrocinadora da Copa, a Sony oferece ao consumidor que reconhece a qualidade de seus produtos. Não há qualquer acréscimo ao valor do televisor em função do ingresso.

 Em segundo lugar, não é plausível utilizar a promoção da Sony para ilustrar o que o autor do texto chama de oportunismo. A Sony é patrocinadora da FIFA desde 2007 e já desenvolveu mais de 40 ações em eventos como a Copa das Confederações, a Copa do Mundo de Futebol de Salão, o Mundial de Clubes e o Mundial de Futebol de Praia, entre muitos outros. A Sony atua em todas as plataformas do patrocínio com ações de incentivo, promocionais e de relacionamento com o consumidor brasileiro por meio de plataforma digital Campo Sony (www.sony.com.br/camposony).  O conceito “Viva a Copa da Sua Vida” vem sendo trabalhado há anos e não apenas com a proximidade da Copa 2014 – que é inegavelmente um evento de importância ímpar, uma vez que reúne as melhores seleções nacionais de futebol no país cujo time já ergueu a taça de campeão mundial nada menos que cinco vezes.

Assim como os torcedores brasileiros e japoneses, a Sony é uma empresa fã do futebol e tem orgulho em apoiar o esporte mais popular do planeta.

 SONY BRASIL


Felipão recusa raspar bigode para apresentar patrocínio
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Erich Beting

Na próxima segunda-feira, Luiz Felipe Scolari será apresentado como embaixador da Gillette. Felipão vai ser um dos garotos-propagandas da marca de lâmina de barbear ao lado de Lucas, Oscar e Paulinho. Nos últimos tempos, todas as ações de maior repercussão da Gillette envolveram uma ação de uso do aparelho durante a entrevista para a imprensa. A cena do patrocinado pela marca fazendo a barba foi, invariavelmente, mostrada aos quatro cantos.

Naturalmente, a Gillette, ao conversar com Felipão sobre o evento de segunda, cogitou raspar o bigode do treinador da seleção brasileira.

Naturalmente, Felipão recusou o convite. Mesmo com o argumento de que o bigode estaria no tamanho certo no período da Copa e até mesmo antes, nos últimos amistosos pré-Mundial, Felipão recusou o apelo. O “talismã”, como pessoas próximas a ele costumam brincar, não pode deixar o treinador nem momentaneamente.

Com a recusa de Felipão, a Gillette não conseguirá causar a repercussão obtida com outras raspagens de barbas famosas, como a do ator José de Abreu, ao final da novela “Avenida Brasil”, ou a do cantor Bell Marques, do grupo Chiclete com Banana, que até compôs música para o Carnaval com a brincadeira.

Mesmo assim, a expectativa da P&G, produtora da Gillette, é de causar bastante repercussão com um evento produzido para a mídia ter conteúdo e aumentar a exposição da marca. Na última quinta-feira, a empresa promoveu, usando a marca Head & Shoulders, um encontro entre os “camisas 10” Pelé, Rivellino, Rivaldo e Djalminha. O bate-papo entre os ex-atletas rendeu grande cobertura da mídia.

O evento com Felipão será a primeira aparição pública do treinador após a definição dos 32 classificados para a Copa do Mundo. Como técnico da seleção anfitriã do Mundial e a pouco mais de uma semana do sorteio das chaves, a tendência é a marca da Gillette ganhar bastante exposição a partir da entrevista de Scolari. Mesmo que ele mantenha o bigode…


O susto inesperado do “Fantasma del 50”
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Erich Beting

Era para ser uma ação meramente local da Puma no Uruguai. Um vídeo brincando com a classificação uruguaia para a Copa do Mundo, de um jeito inusitado e sem agredir os direitos comerciais da Adidas, patrocinadora oficial do torneio.

Mas o susto que o “Fantasma del 50” deu foi muito maior do que a própria empresa esperava. O vídeo que era para ser local, naturalmente, globalizou-se a partir do YouTube. Faz parte do mundo moderno. E é um dos grandes desejos de todas as marcas, criar filmes que viralizem por meio das redes sociais.

Só que, curiosamente, não era o caso do “Fantasma”. A ideia da Puma não era provocar o Brasil, até porque o país é o responsável pelos números mais expressivos da marca na região da América Latina. Mas acabou que o vídeo veio para cá e… Se tornou um grande sucesso.

Segundo o blog apurou, até mesmo dentro da Puma no Brasil o sucesso do vídeo causou espanto. O perfil no Twitter do “Fantasma” já chegou à casa dos 10 mil seguidores, assim como o filme no YouTube já bateu mais de 120 mil visualizações em menos de um dia no ar.

Com certeza se estivéssemos em 1970/1980 a repercussão seria outra. Hoje, a geração de torcedores brasileiros temem muito mais a Zidane do que a Ghiggia e cia. Fosse esse vídeo uma brincadeira da Nike com o retorno de Zizou e, possivelmente, a reação seria muito diferente.

O caso do “Fantasma del 50” é também emblemático para mostrar o quanto a promoção da Copa do Mundo está travada no Brasil. A brincadeira da Puma no Uruguai é, até agora, a ação mais contundente de uma marca esportiva para o evento. Por aqui, as empresas, talvez temendo reações adversas, deixaram o lado criativo de lado e estão apostando, quase sempre, nas ações básicas, como eram feitas nas outras Copas, bem distante do Brasil.

A exceção brasileira ainda é a Head & Shoulders com Joel Santana, que ganhou nesta quinta-feira mais um episódio no YouTube para lançar o shampoo com a assinatura de Pelé (veja aqui).

O susto inesperado do “Fantasma del 50” é a mostra de que o bom humor ainda é a saída para ações boas de marketing viral na internet. E é um atestado de como a Copa, aqui no Brasil, ainda não pegou como deveria. Que mais sustos aconteçam daqui até junho de 2014. Pelo menos fora de campo…

 


Loja dos EUA faz Tyson “devolver” orelha a Holyfield
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Erich Beting

A loja de artigos esportivos americana Foot Locker conseguiu promover um encontro histórico. O lançamento da campanha “Semana da gratidão” fez com que a marca fizesse o ex-pugilista Mike Tyson “devolver” o pedaço da orelha do também ex-lutador Evander Holyfield.

Tyson arrancou o pedaço da orelha de Holyfield durante uma luta entre ambos, em 1997. O episódio praticamente encerrou a carreira do último grande fenômeno midiático do boxe. Agora, cerca de 15 anos depois, os dois se “reconciliaram” na propaganda da Foot Locker.

O comercial, que foi ao ar nesta terça-feira nos Estados Unidos, também brinca com o ex-jogador de basquete Dennis Rodman, que se arrepende de suas atitudes e decide comprar uma passagem só de ida para a Coreia do Norte. Recentemente, o ex-astro do Chicago Bulls esteve envolvido numa polêmica ao dizer que aceitou o convite para treinar o time de basquete norte-coreano por um cachê de US$ 2 milhões ao ano e 100 mulheres por semana.

“Nem Jesus Cristo teria recusado essa oferta”, disse o polêmico Rodman.

Produzida para a televisão e para ações de marketing viral na internet, a campanha da Foot Locker conseguiu mais de 200 mil visualizações logo no primeiro dia dentro do YouTube. A estratégia da empresa, mais uma vez, foi usar o inusitado dentro de acontecimentos do esporte para conquistar o consumidor.

Esse tipo de criação publicitária deve ser a regra nas ações de ativação de patrocínio no mercado brasileiro durante os próximos meses, pré-Copa do Mundo. Resta saber se os atletas brasileiros estarão preparados para ter uma performance tão teatral quanto os contratados pela Foot Locker


Em ação, Sony “dá” ingresso da Copa por R$ 13 mil
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Erich Beting

Na abertura da temporada de promoções por ingressos da Copa, a Sony anunciou nesta terça-feira que dará 500 bilhetes para compradores de dois modelos exclusivos de televisão da marca. Tendo como mote as compras de Natal e o desejo do brasileiro de trocar de aparelho de TV para assistir ao Mundial, a empresa japonesa traçou a estratégia de “compre-e-ganhe” para fazer com que os modelos topo de linha sejam vendidos.

O preço para que o torcedor consiga um ingresso para o Mundial é bem salgado: R$ 13 mil, que é o valor do televisor de modelo 4K de 55 polegadas. A TV é de ultra definição, que é a nova aposta de tecnologia das empresas de eletroeletrônicos. Pela primeira vez a Copa será transmitida com essa tecnologia, o que faria do comprador do modelo um dos felizardos em também poder assistir à competição com imagens cada vez mais nítidas.

Segundo a Sony, a expectativa é de que o mercado de venda de televisores seja impulsionado em 50% com a Copa do Mundo no Brasil. Algumas pesquisas de mercado indicam que há um sensível aumento do interesse do torcedor em trocar de aparelho por um de melhor qualidade de imagem por conta do Mundial.

A questão, porém, é o quão “inacessível” continuam a ser os ingressos da Copa. Numa ação bem mais popular, a Centauro criou promoção para que o torcedor, a partir de compras de R$ 50, concorra a bilhetes para o torneio. Daqui até o sorteio das chaves da Copa, novas promoções devem surgir, seguindo essa tendência de impulsionar vendas a partir do interesse das pessoas em conseguir assistir a pelo menos um jogo do Mundial brasileiro.

Como já dito por aqui, esse tipo de ação pode gerar um efeito de curto prazo de aumento do interesse em vendas e, também, num maior reconhecimento da população pelas marcas patrocinadoras da Copa do Mundo. O problema, porém, é saber qual será o impacto disso na imagem dessas empresas. A partir do momento em que há uma demanda muito maior do que a oferta de bilhetes, o que poderia ser o diferencial de uma marca se transforma em seu maior defeito.

Um dos legados que a Copa pode trazer para o mercado de patrocínio esportivo é mostrar que a chave para o sucesso das ações de patrocínio é a continuidade das ações. O oportunismo das marcas pela ação de curto prazo tem grande risco de gerar um efeito contrário no apaixonado torcedor.

Até hoje, o brasileiro se acostumou a ser na maior parte das vezes oportunistas ao investir em esporte. Os trabalhos de médio e longo prazo, porém, são geralmente aqueles que geram maior retorno de marca para as empresas. É, mais ou menos, a mesma coisa que acontece na publicidade. Como a cultura brasileira de comunicação corporativa sempre teve como foco o mercado publicitário, o esporte ficou à margem desse planejamento.

Com a Copa, o jogo pode começar a virar. O problema é que, até agora, praticamente nada de novo foi visto por aqui. A única diferença em relação aos Mundiais anteriores é que a oferta de ingressos é bem maior. Mas, como mostra a Sony, a alguns preços sensivelmente salgados…


Adidas fará pré-lançamento de bola da Copa
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Erich Beting

A Copa do Mundo no Brasil ficará marcada por uma “quebra” no protocolo recente da Fifa. A Adidas conseguiu uma permissão da entidade e fará, no próximo dia 3 de dezembro, um evento no Rio de Janeiro para jornalistas e convidados da marca para apresentar a Brazuca. Desde 2002, pelo menos, que o sorteio final da Copa do Mundo é usado como evento para a apresentação da bola da competição.

A decisão de fazer o “pré-lançamento” da bola tem a ver com a própria escolha feita pela Fifa para o sorteio das chaves do Mundial. Como o evento será apenas para convidados na Costa do Sauípe, no litoral baiano, a Adidas criou o lançamento prévio para atrair mais gente e, principalmente, concentrar maior atenção da mídia no anúncio da bola. Geralmente, a repercussão da mídia no dia do sorteio fica em torno dos confrontos das seleções, e a bola acaba sendo apenas um elemento secundário.

A antecipação do lançamento faz parte da estratégia global da Adidas para que a Brazuca seja a bola mais vendida na história. O modelo, que já foi apresentado para o mercado lojista, tem uma expectativa de venda de mais de 15 milhões de unidades, superando as marcas da Teimgeist (Copa de 2006) e Jabulani (Mundial de 2010), e colaborando para que o segmento de futebol passe a barreira de 2 bilhões de euros em vendas em 2014.

A mudança da data foi uma vitória para a Adidas, que já havia tentado antecipar o lançamento da bola da Copa das Confederações, mas que teve de se “contentar” em mostrar o modelo da Cafusa, como ela foi apelidada, apenas no início da cerimônia de sorteio das chaves da competição.

Ao criar um evento único para a bola, a Adidas começa a esquentar os tamborins para a Copa do Mundo a três dias do sorteio das chaves. A empresa calcula que terá dois períodos de crescimento de vendas. O primeiro é para o Natal, quando a bola será apresentada. E o segundo, naturalmente, é durante o Mundial.

Ao antecipar o lançamento da bola, a marca também atende a um desejo da Fifa, de ver os parceiros comerciais da entidade colaborando para a promoção do próprio evento. No Brasil, a expectativa da instituição é de que a semana pré-sorteio seja marcada por massiva campanha em mídia dos patrocinadores enaltecendo o torneio e, também, pelo aumento do “clima de Copa do Mundo” para o torcedor.

Sob essa ótica, é bem provável que, em 2017, a bola da Copa na Rússia também seja lançada antes do sorteio final da competição.