Negócios do Esporte

Arquivo : novembro 2012

Os tenistas faturam com a fama mundial
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Erich Beting

Foram anos de queda de braço entre os dirigentes da ATP e os tenistas. E justamente no ano em que os atletas conseguiram um mês de férias, eles decidiram jogar um pouco mais de tênis!

Desde a última segunda-feira teve fim a temporada profissional do tênis, com o duelo entre Novak Djokovic e Roger Federer. Desde ontem, Djokovic abriu a temporada de férias bem remuneradas dos tenistas, que vão participar de diversas partidas e torneios de exibição pelo mundo afora. Só no Brasil teremos o prazer de ver Djokovic (sábado, no Rio) e Federer (de 6 a 9 de dezembro, em São Paulo) em ação (uma lista bem completa pode ser vista neste link aqui).

O motivo para isso, é claro, é a grana. Os tenistas conseguem, com o período sem compromissos profissionais, faturar o que geralmente levam ao ganhar um Grand Slam com um evento de exibição. Antes, com o calendário tendo pouco menos de um mês de folga, era impossível para os tenistas acharem uma brecha para aumentar o faturamento.

O problema é que justamente quando tiveram as tão desejadas férias, os tenistas parecem ter abusado e resolveram rodar o mundo faturando com a fama que conquistaram. Do jeito que está, será interessante o debate sobre o calendário no ano que vem…


Por que D’Alessandro vende mais do que Neymar?
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Erich Beting

No mês passado, a Nike divulgou alguns resultados de venda de camisas oficias de futebol no Brasil. Segredo guardado a sete chaves pelas fabricantes de material esportivo, a empresa disse apenas quem são os líderes em vendas no país. Para evitar aqui o diz-que-diz clubístico de torcedores, segue uma informação importante. A venda computada pelas fabricantes não é para o consumidor final, mas sim para as lojas. Ou seja, não é o número de compradores diretos, mas o de lojistas que buscam o produto para então revenderem ao consumidor, com o risco de não conseguir negociar a camisa ou ter de fazer promoções para venda.

Com isso bem claro, reproduzo parte do texto distribuído à imprensa pela Nike:

“E entre os times e os atletas brasileiros o Corinthians é o número 1 em vendas, com as camisas de Paulinho (número 8). Depois vem o Inter de Porto Alegre, com a camisa 10 de D’Alessandro, e o Santos, com a 11 do Neymar”.

Ok, vamos considerar que o tamanho das torcidas dos times seja o primeiro parâmetro para tentarmos explicar esses números. Sendo assim, logicamente o Corinthians será o líder em vendas, e naturalmente um jogador que tem ótima identificação com a torcida, como Paulinho, tende a ser o de maior procura pelos lojistas. Afinal, a camisa do ídolo do time é a que potencialmente vende mais.

Só que o mesmo critério não serve, por exemplo, para explicar o porquê de D’Alessandro vender mais do que Neymar.

Sim, os dois são os maiores craques e ídolos de Inter e Santos. Mas, obviamente, o interesse em torno de Neymar extrapola o tamanho de Santos e Inter. Hoje, pensando racional e mercadologicamente, a camisa 11 de Neymar teria tudo para ser o item de maior venda para as lojas.

É para tentar explicar isso que entra um fator importante do contrato dos clubes brasileiros com a Nike. Hoje, além de seleção brasileira e Corinthians, a fabricante fornece uniforme para Santos, Inter, Bahia e Coritiba. A expansão no número de clubes atendidos foi um dos grandes saltos da Nike no mercado brasileiro. O problema, porém, é que a empresa não tem uma estrutura suficiente para atender a cinco clubes e mais a seleção. No passado, nem mesmo para atender seleção, Corinthians e Flamengo a Nike tinha força.

Para tentar resolver isso, a empresa fez um acordo com a Netshoes, que tem como um dos segredos de seu negócio como loja virtual de artigos esportivos a logística de entrega do produto. Por contrato, a Nike cuida das operações de seleção, Corinthians e Internacional. Santos, Coritiba e Bahia são coordenadas pela Netshoes, que recebe o produto da Nike e então coordena as vendas para os lojistas.

O maior enrosco nessa história é exatamente o fato de a Netshoes ser não apenas uma empresa de logística de distribuição, mas sim um importante vendedor de produtos para o consumidor final. A própria campanha publicitária da empresa na TV enfatiza isso, mostrando ao consumidor que ele tem, na empresa, uma loja virtual disponível 24h por dia e sem filas.

Quando a Netshoes tem de vender para o lojista que ela mesmo “derruba” na sua propaganda, o enrosco está feito. Naturalmente ele compra “menos” do seu próprio concorrente do que compra da Nike (até pela gama de outros produtos que a marca americana oferece). Com isso, a camisa do clube tem menor procura nas lojas e, consequentemente, gera menor receita para os clubes.

Uma das grandes chaves de mudança do mercado de fabricante de material esportivo no Brasil nos últimos oito anos foi a capacidade de entrega das empresas. Com o aumento da renda do brasileiro, o consumo de produtos dos clubes aumentou. Sendo assim, ter uma boa presença no ponto de venda passou a ser um fator chave para os fabricantes e, também, para os clubes, que ganharam mais com a porcentagem sobre a venda do seu produto.

Num mercado tão delicado quanto o brasileiro, em que há demandas específicas, os clubes precisam olhar com carinho para a capacidade de entrega de seu parceiro de material esportivo. Ter só uma marca de renome na camisa, nesse caso, pode ser até pior, já que isso significa maior exigência por parte do torcedor.

Afinal, por mais fanático que seja o torcedor do Inter, é impossível que D’Alessandro represente maior poder de convencimento de compra do que Neymar…


Imagine a festa…
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Erich Beting

Pois é. São Paulo virou um grande estacionamento na manhã desta segunda-feira (mais detalhes podem ser lidos aqui). Os aeroportos lotaram de gente, mas que não conseguiu sair do lugar. Os congestionamentos foram monstruosos, mas nenhum trio elétrico apareceu por lá.

Como já dito por aqui no blog, a Brahma chamou para ela uma responsabilidade monstruosa ao tentar acabar com os “pessimistas de plantão” (nesse caso geralmente encarnados na figura de jornalistas) no que diz respeito à capacidade de realização da Copa do Mundo no país. Ainda mais por estarmos muito próximos do Mundial e não vermos, concretamente, muitas mudanças na infraestrutura do país para atender à demanda atual. Afinal, imagine na Copa como será ter de receber uma movimentação extra de cerca de 3 milhões de pessoas em um mês?

Pelo menos um reflexo da propaganda já se faz sentir. Em vez de dizermos “imagina na Copa”, agora é só falar “imagine a festa”… Provavelmente o publicitário da agência Africa que criou o conceito da propaganda teve tempo de sobra para pensar na próxima campanha na manhã desta segunda-feira tentando chegar ao trabalho.

Só para efeito de comparação, a mesma Brahma fez, ontem, uma grande festa, com direito a trio elétrico, para celebrar o título mais do que legítimo do Fluminense no Campeonato Brasileiro. Durante toda a campanha do Flu, a empresa manteve-se “neutra” na grande mídia, usando um pouco de campanhas na internet para conectar o torcedor tricolor à marca. Ontem, com a vitória, preparou de fato uma ótima festa para recepcionar os campeões.

Essa é a função da empresa, já que dentro do negócio dela (vender cerveja), proporcionar uma comemoração é a essência para o aumento produto. Com mais de 20 times patrocinados, a Brahma tem trabalhado como nenhuma outra empresa na ativação de patrocínio esportivo no Brasil. É curioso perceber que, no caso da principal propriedade que a marca possui no esporte, simplesmente esse pensamento seja deixado de lado.


O patrocínio de concorrentes aos atletas
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Erich Beting

Paulo Henrique Ganso posta uma foto em seu perfil no Twitter com a camisa do São Paulo. Até aí, nada de errado em o atleta usar as mídias sociais para se promover. O detalhe é que, na camisa tricolor, as três letras garrafais que indicam o nome do patrocinador do clube estão em destaque. O STI, da Semp Toshiba, salta aos olhos de quem vê a imagem. E, ao mesmo tempo, chama a atenção o endereço de Ganso no Twitter: @SamsungPHGanso.

O caso do camisa 8 são-paulino é o que melhor evidencia uma realidade que começa a aparecer no mercado geral de patrocínio ao esporte no Brasil e que, antes, era restrita às marcas fabricantes de material esportivo. Os atletas começam a ter patrocinadores pessoais que são concorrentes às marcas que apoiam os clubes.

Ganso é patrocinado pela Samsung, mas quando estrear com a camisa do São Paulo, carregará a marca da Semp Toshiba. Já foi assim, em 2005, com Robinho, que anunciou as pilhas Rayovac enquanto a Panasonic vestia a camisa do Santos. Atualmente, Neymar também tem acordo com o Santander, enquanto ostenta a marca do BMG ao jogar pelo Santos, ou a do Itaú quando está na seleção brasileira.

O fato é que, com o crescimento do interesse das empresas pelo patrocínio esportivo, o mercado tende a crescer para os atletas. Antes, as marcas ficavam restritas aos clubes ou campeonatos, e o atleta era a última ponta a ser procurada. Agora, com o encarecimento das propriedades de maior visibilidade, com o aumento da profissionalização dos atletas e com o maior interesse em investir no esporte, as marcas veem diferentes alternativas para uma ação de patrocínio.

O limite para esse tipo de ação é, geralmente, a manutenção da transmissão da mensagem da forma mais verdadeira possível. Quando se torna muito artificial a forma como um atleta transmite a mensagem de seu patrocinador, ou mesmo como um clube comunica o seu patrocinador, a relação perde sentido para o consumidor. Quando há um respeito mútuo entre os patrocinadores, mesmo que concorrentes, o retorno que se tem com o patrocínio, para todos os lados é muito maior.

O mercado de fornecimento de material esportivo percebeu isso, tanto que a mensagem aos patrocinadores pessoais é sempre subliminar e, geralmente, acontecem fora do contexto da disputa esportiva. Agora é a hora de as marcas que não vivem do esporte aprenderem a fazer esse tipo de relação. Com os exemplos sendo cada vez melhores, a tendência é o patrocínio aos atletas aumentar.


O “grande” negócio dos clubes com o contrato de TV
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Erich Beting

Um dos grandes argumentos usados pelos clubes brasileiros quando assinaram o contrato individual de televisão com a Globo foi o valor recorde alcançado na negociação. Mesmo que os números não sejam divulgados, os clubes praticamente triplicaram o que recebiam da TV no contrato anterior.

Já falei longamente aqui no blog sobre a visão apequenada da negociação individual dos clubes com a TV e, também, de como o mercado de televisão está em mutação no Brasil. Os valores maiores a cada um dos clubes significa, também, disparidades maiores no que um recebe e no que outro recebe. Flamengo e Corinthians, por exemplo, hoje recebem 66% a mais do que o Coritiba da TV. Antes, a diferença era de 50%.

Agora, com os clubes renovando esse vínculo com a Globo até 2018, o problema mostra-se ainda maior. Não apenas pela possibilidade que temos de aumentar o abismo entre os clubes, mas pela visão tacanha sobre o mercado de televisão no Brasil que é demonstrada pelos dirigentes do esporte.

No último dia 24 de outubro, a Anatel publicou o levantamento sobre o número de assinantes da TV paga no país. Setembro registrou um aumento de 1,84% nas assinaturas em relação a agosto e, na comparação anual, tivemos 29,5% de aumento no número de assinantes da TV paga.

Num Brasil que vive a era do pleno emprego e da queda nos preços de produtos tecnológicos e mídia digital, o mercado de TV paga e internet são os que sofrem maior alteração. E isso traz impacto direto, também, na TV aberta. Só para se ter uma ideia, em 2007 eram 5,3 milhões de domicílios com TV paga no Brasil. Hoje, são 15 milhões.

O quanto valorizou o contrato de TV fechada para os clubes? De que forma eles enxergam o futuro das transmissões? A internet não seria uma forma de rentabilizar ainda mais o negócio dos direitos de transmissão, com a venda de pay-per-view para o mundo todo? Essas são apenas algumas questões que vêm à tona numa análise superficial dos números do mercado de televisão no Brasil.

Mas em busca do dinheiro de curto prazo, os clubes comprometem sua receita, sem variação, pelos próximos seis anos. Caso o mercado de TV fechada cresça na proporção que foi desde 2007, teremos pelo menos mais 10 milhões de lares (ou 33 milhões de pessoas, nas contas da Anatel) equipados com TV a cabo.

Isso tudo terá um impacto enorme na forma como as pessoas consomem a mídia, seja ela a TV aberta (cada vez com menor audiência), a fechada (crescendo bastante) ou a internet (o meio em maior expansão). Isso sem falar no impacto que a Copa de 2014 trará para o mercado de consumo de evento ao vivo a partir da melhoria dos estádios.

Talvez somente daqui a três anos os clubes comecem a perceber o “grande” negócio que fizeram com o contrato de TV. E, aí, talvez seja tarde demais para voltarmos ao óbvio…


A mudança que teima em não acontecer no esporte
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Erich Beting

Há poucos dias, aqui no UOL, Juca Kfouri em seu blog tocou num ponto fundamental para discutir o futuro do esporte no Brasil. Com o título de “Ajude a mudar o esporte brasileiro”, Juca convidou o leitor para assinar uma petição que pede mudança no sistema de comando das principais entidades esportivas brasileiras (para quem quiser ir até lá, é só clicar aqui).

Curiosamente, no mesmo dia o site da ESPN trazia uma brilhante reportagem que explicava, ou pelo menos tentava, a queda do Atlético Goianiense no Campeonato Brasileiro (leia aqui a excelente matéria de Thiago Arantes). Em resumo, o Dragão caiu por conta da queda do sistema de influência política que auxiliava o time a manter-se na elite nacional numa meteórica ascensão desde 2005.

As duas histórias, por sua vez, exemplificam algo que já foi falado aqui no blog e que já foi, inclusive, motivo para o mesmo título dado ao post de hoje. O esporte, no Brasil, teima em não mudar. E é isso o que, no médio e longo prazo, inviabiliza a profissionalização da indústria esportiva no país.

Quando nós elogiamos algumas iniciativas do esporte pelo mundo, invariavelmente elas estão ligadas a uma gestão altamente profissional do esporte. Uma final do futebol americano, um evento do MMA, um jogo da Liga dos Campeões da Uefa… O que faz o esporte ser tão espetacular nos EUA é o tratamento que é dado a ele como espetáculo. E entenda-se por espetáculo toda a cadeia produtiva. O atleta, o torcedor, a mídia, os organizadores. É tudo um show para entreter o público. A Europa copiou e adaptou esse modelo nos últimos 20 anos, e o resultado é o que vemos por aqui nas transmissões de torneios internacionais. Um show cada vez maior, elevando o nível do evento como um todo.

E, em todos esses casos, não é o sistema político que diretamente interfere na criação desse modelo. As ligas esportivas americanas, por exemplo, são 100% empresariais. São empresas com donos, que não atendem a interesses políticos. Já na Europa, o modelo varia de país para país, mas há exemplos bons dos dois lados, tanto de clubes com donos quanto de entidades meramente políticas.

A essência, nos dois casos, está na qualificação de quem é responsável por gerenciar o esporte. O presidente assume, muitas vezes, a função política de representar a entidade, mas abaixo dele estão pessoas que são profissionais do mercado. Elas têm conhecimento técnico e base para fazer com que o clube tenha o melhor desempenho esportivo possível, ou o campeonato seja o mais lucrativo possível e de alto nível para o consumidor e para a mídia.

No Brasil, são raros os exemplos de estruturas esportivas que funcionam dessa forma. Daqueles de contar realmente nos dedos quem é capaz de fazer um trabalho assim. Por aqui, proliferam-se os exemplos como o do Atlético Goianiense, em que os investimentos são feitos com outros fins além do esportivo. Isso faz com que a casa caia tão logo o clube atinja os interesses de quem os comanda ou, então, quando a fonte seque.

A principal mudança que precisa acontecer no esporte não é a mudança no sistema de escolha dos dirigentes, mas na qualificação de quem está no poder. Ou, então, no desprendimento de quem está no comando. É muito mais uma questão de governança do que de governantes. O Vasco da Gama e o Palmeiras são dois exemplos recentes de que nem sempre mudar de ares significa melhorar de fato.


O estilo Red Bull de vencer
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Erich Beting

O vídeo que está no final deste post é antigo. Já foi publicado aqui no blog como exemplo de como a Red Bull é uma marca que cada vez mais dita a tendência quando o assunto é o marketing esportivo. Falei disso, ainda em 2011, mostrando a sacada marqueteira da empresa ao dar uma volta no circuito de Austin, onde no próximo dia 18 acontece a prova que coincidentemente pode definir a temporada de 2012 da Fórmula 1.

Naquela ocasião, David Coulthard, ex-piloto de competição e atual piloto promocional da Red Bull, deu uma volta no terrão que viria se tornar o autódromo de Austin. Ao término do vídeo, a escuderia de F-1 provocava os concorrentes dizendo que havia “chegado primeiro” ao local onde só no ano que vem aconteceria o GP.

Na última segunda-feira, em sua conta no Twitter, o piloto Fernando Alonso, da Ferrari, postou uma foto com a mensagem “ainda aqui”. Na foto, o escrito “Austin” e o volante do simulador que ele ainda pilotava para tentar se familiarizar com o percurso inédito para os pilotos da F1. Quer dizer, nem todos os pilotos. Afinal, quando deu a volta inaugural em Austin, com certeza David Coulthard pegou diversas informações sobre a pista, seja por experiência profissional, seja por dados eletrônicos em seu carro. E, possivelmente, elas foram repassadas aos pilotos da Red Bull.

Quando assume uma posição de marketing agressiva, a Red Bull também planeja, claramente, os passos futuros. O que seria apenas uma “promoção” ao novo circuito de F1 pode se tornar, agora, uma imensa vantagem competitiva para Sebastian Vettel na busca do tricampeonato de pilotos. O estilo Red Bull de vencer passa, necessariamente, pelo planejamento. No ambiente da Fórmula 1, em que o uso da tecnologia aliada ao planejamento é absolutamente essencial, esse talvez seja um dos grandes segredos do sucesso da empresa.

Nesse caso de agora, em vez de ter as informações apenas do simulador, a empresa já esteve, há um ano, dando uma volta no autódromo que pode definir o campeão de 2012. Ou seja, a vitória pode ter vindo com um ano de antecedência…

Veja a seguir o vídeo da Red Bull em Austin e a foto de Alonso em seu simulador. Chega a ser até curioso ver o abismo que existe hoje entre as duas empresas.

A foto postada por Fernando Alonso no Twitter

E o vídeo produzido pela Red Bull. Em 2011…


As empresas do esporte são cada vez mais digitais
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Erich Beting

Na última semana a Oakley, empresa especializada na fabricação de óculos para a prática de esportes, apresentou o Airwave, criação em parceria com o Google. O óculos, especial para a prática de esportes na neve, traz diversas inovações tecnológicas que aproximam o consumidor de um filme de James Bond (o vídeo ao final do post ajuda a entender mais sobre isso).

Há quase meio ano, a Nike apresentou uma novidade de seu sistema de treinamento, batizado de Nike Plus. Em parceria com a Microsoft, foi lançado o Nike+Kinect Training, jogo para o XBox que faz com que você tenha uma rotina de treinos para ser feita dentro de casa. A parceria é mais uma inovação da marca para que o consumidor pratique atividade física usando a mais alta tecnologia (no final do post há um vídeo também para entender o que é o jogo).

Os dois casos mostram claramente o futuro para as empresas do esporte. Os fabricantes de artigos esportivos são, cada vez mais, empresas digitais. Valendo-se de parcerias com empresas de reconhecida capacidade de criação de artigos tecnológicos, as marcas têm construído seus caminhos a partir do universo digital.

E o motivo, claramente, é a proliferação das mídias ditas sociais. No fundo, o que as marcas incentivam é a virtualização das competições. Em vez de reunir-se com os amigos para uma disputa, as pessoas conseguem competir umas com as outras a partir dos resultados que são publicados nas redes sociais. Isso faz com que a tecnologia torne-se parte importante do processo.

É por isso que, de cinco anos para cá, as principais fabricantes de material esportivo têm buscado produzir equipamentos para o público final com alta tecnologia embutida nele. Na falta dos amigos para a prática de esporte, a pessoa consegue “compensar” com a tecnologia, mapeando todo o seu desempenho para, em seguida, compartilhar e comparar com o dos amigos.

No fim das contas, Nike e Oakley mostram que entenderam o real sentido do mundo digitalizado. As pessoas continuam a celebrar suas conquistas materiais e vividas no mundo real, mas agora de forma virtual, a partir das redes sociais. E, não deixa de ser irônico, a tecnologia acaba sendo um meio para o incentivo da prática de atividade física, quando a maioria das pessoas preconizava o fim dos mundos pelo ócio causado pelo computador e pelo videogame…

Abaixo seguem os vídeos com as campanhas das duas inovações tecnológicas da Nike e da Oakley.

O vídeo da Nike com o Kinect

E a apresentação do Airwave, da Oakley com o Google.


A chantagem do esporte aos entes públicos
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Erich Beting

Há algumas semanas, após a realização do UFC no Rio de Janeiro, Dana White, presidente da competição de lutas, afirmou que estava tendo dificuldades para fazer com que a cidade de São Paulo abrigasse um evento da empresa. A frase do chefão do MMA foi a seguinte:

“Estamos tendo problemas para ir a São Paulo, queremos ir para lá, estamos tentando! Faça aqueles governantes de lá ajudarem”, disse, entre risos.

A frase de White expõe uma realidade do esporte em todo o mundo, em especial nos Estados Unidos, e que felizmente aqui no Brasil não consegue ter eco na opinião pública. A força da realização de um evento esportivo faz com que, muitas vezes, o esporte chantageie os entes públicos para conseguir ter facilidades para fazer com que ele aconteça num determinado local. Em tempos de aproximação de Copa do Mundo e Jogos Olímpicos por aqui, cresce o debate sobre a participação da esfera pública no financiamento do esporte de alto rendimento.

Nos EUA, é absolutamente comum a cidade ser pressionada para receber um time ou uma competição. Austin, no Texas, por exemplo, foi praticamente obrigada a investir quase US$ 200 milhões na construção de um autódromo para abrigar uma etapa da Fórmula 1 (a corrida acontece no próximo dia 18). A explicação dos gastos é a geração de receita a partir da realização da corrida de F1 na cidade, com a movimentação do turismo, do pagamento de impostos, etc.

Já na Europa, a profissionalização do esporte levou também ao surgimento de fenômeno parecido. Munidos de informações mais precisas sobre o impacto positivo da realização de um determinado evento, os executivos do esporte pressionam os governos a fazer investimentos ou conceder benefícios para que consigam pagar menos para alcançar seus objetivos.

É o tal conceito do “pão e circo” que domina a humanidade desde os tempos da Roma Antiga. Na gestão moderna de eventos esportivos, o conceito de que é função de governo ajudar a investir no entretenimento das pessoas ganha força. Em troca de popularidade, o governante muitas vezes cede aos caprichos do organizador e atende à “chantagem”.

Aqui no Brasil a moda ainda não pegou. A maior explicação para isso é, sem dúvida, a falta de capacitação de quem gerencia o esporte em mostrar para a esfera pública o benefício de investir nisso. O único caso até agora, e que causou imensa repercussão negativa, foi o pacote de isenções fiscais ao estádio do Corinthians para a Copa do Mundo. A prática, porém, vai começar a ser cada vez mais comum, especialmente depois dos megaeventos, que trabalham ferozmente esse conceito.

Essa prática, aliás, talvez seja um dos legados que Copa e Olimpíada deixarão para o país. Infelizmente.